Desbloqueio de medidas importantes salva índice acionário, mas queda de 10% no ano persiste. Controle de gastos e expectativas dos investidores pesam.
O mercado brasileiro enfrentou um ano de incerteza econômica, com o Ibovespa oscilando extremamente devido às incertezas políticas. Em um cenário marcado por alta volatilidade, o mercado acionário perdeu forças, com o índice Ibovespa sequer conseguindo manter o patamar de 121 mil pontos.
As disputas entre o Executivo, Legislativo e Judiciário em Brasília não contribuíram para a confiança dos investidores. A incerteza política cria um ambiente adverso para investimentos no mercado brasileiro, que já enfrenta a temida inflação e o consequente impacto nos investimentos. O ano terminou com uma perda de 10% no índice Ibovespa em relação ao ano anterior, o que sinaliza uma saída do investimento tradicional na economia brasileira.
Desafios no Mercado Brasileiro
A dinâmica do mercado cedeu 0,67%, registrando um prejuízo de 120.269 pontos, com o ano mostrando uma perda de 10,37%, enquanto a variação mensal ficou negativa em 5,30%. O movimento de negociações foi baixo, com um volume de R$ 12,15 bilhões em 87 ações do índice Ibovespa, abaixo do giro médio de R$ 16,4 bilhões nos últimos 12 meses.
Mercado Atrapalhado Pelas Políticas
O imbróglio em Brasília, com o ministro Flávio Dino bloqueando a liberação de mais de 5 mil emendas de parlamentares, afetou o mercado. A Câmara teria tentado manobras irregulares para garantir a liberação da verba, que é direcionada para obras e redutos eleitorais e serve como uma importante moeda de troca nas negociações entre Legislativo e Executivo. Este desbloqueio é crucial para que a presidência possa negociar a votação de medidas importantes, incluindo algumas que poderiam ajudar no controle de gastos, algo que o mercado tanto anseia.
Investimentos em Suspensão
Enquanto não se resolve a situação, as pautas caras aos investidores vão sendo jogadas para o fim da fila, afetando negativamente não apenas a bolsa, mas também os juros e a moeda. O dólar comercial subiu, acumulando alta de 2% na semana, com o avanço na sessão desta sexta de 0,26%, encerrando o dia a R$ 6,19. No ano, a moeda teve valorização de 28,15%, apesar dos US$ 19 bilhões leiloados pelo Banco Central nos últimos dias.
Expectativas e Risco no Mercado
O Brasil é visto como território mais arriscado devido à sua pecha de gastador, o que faz com que quem investe queira mais retorno para apostar em ativos locais, especialmente em aqueles de longo prazo. A alta do dólar, a previsão de mais inflação e de taxa Selic em ascensão também elevam as taxas dos títulos com vencimento mais curto. Na seara externa, a perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos contribui para pressionar as taxas locais, além de contribuir com o avanço do dólar.
Retorno dos Investimentos
Prêmios em contratos de curto prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic, enquanto os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 15,28% para 15,63% ao ano. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo. Diante do clima em Brasília, nem a prévia da inflação foi capaz de trazer animação, mas a taxa de desemprego está novamente baixa, apontando que o mercado de trabalho segue aquecido no Brasil.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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