Presidente argentino obtém bons resultados fiscais, mas a um custo social alto. Aposta na percepção de melhora da economia e desarticulação da oposição após redução da inflação e corte de subsídios, alcançando superávit fiscal com ajustes econômicos e aumento das reservas internacionais.
O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrenta um desafio único após nove meses no cargo. Ele implementou medidas rigorosas para reestruturar a economia argentina e obteve resultados surpreendentes. Um dos principais êxitos foi a redução da inflação, que caiu de 25,2% em dezembro, quando assumiu o cargo, para uma taxa mensal de 4% desde maio.
Essa mudança significativa na economia argentina é resultado de uma gestão econômica eficaz, que incluiu a implementação de um novo orçamento e a reorganização das finanças do país. Com essas medidas, o governo de Javier Milei busca estabilizar a situação financeira da Argentina e promover o crescimento econômico sustentável. A redução da inflação é um passo importante nessa direção. Além disso, a gestão econômica eficaz também permitiu que o governo investisse em projetos de infraestrutura e desenvolvimento social, impulsionando o crescimento econômico e melhorando a qualidade de vida da população.
Desafios Econômicos na Argentina
A economia argentina enfrenta um momento crítico, com o presidente Milei implementando medidas agressivas para sanear as finanças do país. No primeiro semestre do ano, o governo comemorou o primeiro superávit fiscal desde 2008, mas o custo social foi alto. O corte de 41% nos subsídios de energia, decisivo para o superávit fiscal, levou a um aumento das tarifas de energia elétrica e de gás, penalizando a população. Isso explica por que 52% dos argentinos estão na linha da pobreza, com 12% sobrevivendo na indigência.
A percepção de que ‘o governo vai bem, mas os argentinos vão mal’ se encaixa no momento atual do país. A dúvida é até quando Milei conseguirá avançar em medidas saneadoras na economia sem causar uma crise social incontrolável. Qualquer outro governo não teria condições de subsistir sob a situação atual da Argentina, mas Milei tem a seu favor uma combinação da lembrança do péssimo passado recente do país com a desarticulação completa das oposições.
Combinação Favorável para Milei
Essa combinação permite a Milei ‘jogar parado’ – ou seja, seguir com sua agenda agressiva com risco mais baixo de rejeição. De um lado, o argentino comum, mesmo impactado com o choque dos ajustes, percebe ao menos uma pausa no aumento descontrolado da inflação. Por outro, os escândalos e erros da oposição ajudam a tirar o foco das medidas impopulares do governo. O economista Fabio Giambiagi cita como exemplo a saga envolvendo o ex-presidente Alberto Fernandéz, que após deixar o cargo foi acusado de violência doméstica pela ex-esposa e, na sequência, de levar mulheres para fazer orgias quando vivia na residência oficial de Olivos.
Além disso, uma denúncia de corrupção envolvendo uma assessora de Fernandéz tirou a aura de incorruptível do ex-presidente argentino e acabou atingindo a ex-presidente Cristina Kirchner, que havia bancado a eleição de Fernandéz para a Casa Rosada. ‘Depois dos escândalos, Kirchner passou a ser duramente cobrada pelos peronistas’, diz Giambiagi. Isso, somado ao esfacelamento da União Cívica Radical, partido de oposição centrista, e a hesitação de Mauricio Macri, líder de centro-direita, em apoiar Milei ou enfrentá-lo na próxima eleição, ajudou o presidente argentino a manter sua popularidade.
Medidas Econômicas de Milei
Milei jamais escondeu suas prioridades ao assumir o cargo, em dezembro: atacar a inflação de dois dígitos de anos, zerar o déficit fiscal do governo, cortando subsídios e outros gastos, aumentar as reservas internacionais em dólares e retomar o crescimento da economia. Em termos concretos, agiu neste sentido. Milei reduziu de forma intensa gastos com Previdência Social e funcionalismo, cortou subsídios, eliminou transferências não-obrigatórias para as províncias (estados) e passou a tesoura nos investimentos públicos – corte de cerca de 85% em termos reais no primeiro semestre de 2023. Essas medidas visam sanear as finanças do país e promover o crescimento econômico, mas também têm um impacto significativo na população.
Fonte: @ NEO FEED
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