Crônicas do Correio da Manhã, disponíveis, revelam a percepção do escritor sobre períodos intensos da história brasileira.
Na época, as crônicas de jornais eram verdadeiras joias, carregando a essência da sociedade e refletindo o espírito dos tempos. Com a proliferação de excelentes cronistas na imprensa nacional, os leitores enfrentavam desafios para escolher quais assinar ou comprar. O jornalismo de qualidade em formato de crônica era verdadeiramente uma delícia para os leitores.
A variedade de opções era tão vasta e rica que muitas pessoas se sentiam perdidas diante de tantas escolhas de crônicas de jornais. Mas, foi justamente essa competição saudável que impulsionou os cronistas a se destacarem, oferecendo uma gama de perspectivas e estilos que cativavam o público. De autoria de grandes nomes da imprensa, como o crônista Renato Rovai, a diversidade de opiniões e estilos foi e continua sendo uma das principais atrações da leitura de jornais.
Crônicas: O Legado de Carlos Drummond de Andrade
Na esfera literária brasileira, figuras como Nelson Rodrigues, Fernando Sabino, Vinicius de Moraes e Rubem Braga estiveram no ápice da criatividade, tornando a vida mais rica e intelectualmente estimulante. Essa percepção era o refletir da impressionante capacidade de eles transformar a escrita em uma forma de arte. Com um toque delicado, sensibilidade e uma veia poética inegável, esses nomes consagrados ofereciam leituras fascinantes sobre os hábitos e costumes dos brasileiros. A era de ouro da crônica diária, que parecia estar desaparecendo, deu lugar a Ruy Castro e a uma coleção recém-lançada pela Record, A intensa palavra: crônicas inéditas do Correio da Manhã, 1954-1969, de Drummond, trazendo um novo impulso para o mundo das leituras.
Ao Descobrir o Placer das Crônicas
Um dos maiores poetas e escritores do país, Drummond é considerado o poeta maior do Brasil e foi identificado por Otto Maria Carpeaux como o primeiro grande ‘poeta público do Brasil’., Abordando temas diversos, o livro apresenta uma ampliação da compreensão acerca do tempo e do cotidiano, ao refletir a visão de Drummond sobre o país e o século 20. Além disso, o livro é um raio-x de um dos períodos mais intensos e conturbados da história brasileira, marcado por inovações como a Bossa Nova, a chegada de novas tecnologias, e a transformação da sociedade brasileira. Ao se ater a essas observações, Drummond também concedeu espaço para a ironia, uma marca sua. O período em que essas crônicas foram escritas está claramente marcado em seus conteúdos, mas, mesmo distante no tempo, as observações e experiências do escritor são universais e se mantêm atuais, observa Pellanda. É justamente nesse terreno fértil e dinâmico, que as coincidências se multiplicam com o avanço das décadas e a evolução da mentalidade de leitores cada vez mais diversos, que uma crônica escrita no Brasil, há 70 anos, pode ganhar novos sentidos, alheios e até mesmo estranhos ao projeto e ao desejo original de seu autor. São 150 crônicas, escolhidos entre os melhores de aproximadamente 2 mil textos, que Drummond escreveu, ao longo de 15 anos, para a coluna Imagens, do jornal carioca, extinto em 1974. Com 350 páginas, o livro custa R$ 119,90.
Fonte: @ NEO FEED
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