Votação interrompida por pedido de vista; plenário dividido com 40 inscritos. Presidente quer veredito final nesta quarta.
A sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (9) teve início com a discussão sobre a prisão do deputado Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), que é suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). A análise do caso de prisão de deputados é de extrema importância e deve seguir todos os protocolos estabelecidos pela Constituição e pelo regimento da Casa.
Durante a reunião, os deputados Gilson Marques (Novo-SC), Fausto Pinato (PP-SP) e Roberto Duarte (Republicanos-AC) pediram mais tempo para analisar o caso de aprisionamento. É fundamental que todos os aspectos relacionados ao encarceramento sejam cuidadosamente considerados nesta fase inicial do processo.
Entenda como será a reunião:
- A reunião tem 38 parlamentares inscritos para discursar. O número pode aumentar até o início da discussão.
- Os membros da comissão podem falar por 15 minutos e os não membros, por 10 minutos. Em reunião nesta segunda-feira (8), os parlamentares tentaram, sem sucesso, chegar a um acordo para reduzir o tempo dos discursos. A reunião deve se alongar.
- Uma possibilidade é os deputados analisarem um requerimento de encerramento de discussão após dez deputados falarem, mas ainda não há acordo sobre a aprovação.
Prisão em Pauta: Votação na CCJ
Os parlamentares devem votar para manter a prisão do deputado Chiquinho Brazão na CCJ. No entanto, deputados de centro-direita devem usar suas manifestações para criticar a prisão que, segundo eles, não respeitou os procedimentos previstos na Constituição.
Plenário dividido
Para aprovar o relatório na comissão é preciso maioria simples – a maioria dos presentes na reunião. Depois de votado na CCJ, o parecer vai ao plenário, onde a situação será outra.
Deputados ouvidos pelo g1 disseram que, se há duas semanas havia segurança pela manutenção da prisão com ampla maioria, agora a votação está dividida. O colunista do g1 Gerson Camarotti apurou que há um crescente movimento pela derrubada da prisão.
Sem falar em placar, parlamentares disseram que haverá muita discussão sobre o caso. Um dos deputados disse que a votação ‘será uma loucura’.
O caso
Brazão foi preso em 24 de março, no Rio de Janeiro, ao lado do irmão Domingos Brazão, na Operação Murder, Inc. da Polícia Federal. Segundo a Polícia Federal, a morte de Marielle foi idealizada pelos irmãos e planejada pelo ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa. O motivo seria a disputa por regularização de áreas nas mãos de milícias. (relembre abaixo a operação)
Brazão é deputado federal desde 2019, quando foi eleito pelo partido Avante. Em 2023, foi reeleito pelo União Brasil.
Logo após ser eleito, assumiu o cargo de Secretário Especial de Ação Comunitária do município do Rio de Janeiro, onde ficou até fevereiro deste ano. Após ser preso, ele foi expulso do União Brasil.
O que diz a defesa
O advogado de Brazão, Cleber Lopes de Oliveira, contestou a prisão do deputado. Ele argumentou que não ficou comprovado o flagrante e que, por isso, o deputado não poderia estar preso, já que – segundo a Constituição – deputados só podem ser presos em ‘flagrante de crime inafiançável’.
‘A prisão preventiva é vedada pela Constituição Federal. Temos uma prisão preventiva contra a expressa disposição do texto Constitucional’, afirmou.
O defensor também questionou a competência do STF para determinar prisão e afirmou que ela é é ilegal, devendo ser imediatamente relaxada.
‘O crime foi praticado em 2018, e o deputado assume em 2019. Os supostos fatos reveladores de uma obstrução de justiça não têm nenhuma relação com o mandato, os fatos são anteriores ao mandato, de modo que há um vazio do ponto de vista da competência do STF’, disse o advogado.
O relatório
No parecer de oito páginas, o relator, deputado Darci de Matos (PSD-SC), afirmou que os indícios de crime são ‘eloquentes’.
‘A nosso ver, resta claramente configurado o estado de flagrância do crime apontado, seja por sua natureza de permanência, seja pelo fato de que os atos de obstrução continuavam a ser praticados ao longo do tempo’, apontou Matos no relatório.
Darci de Matos afirmou ainda que considerou ‘correta e necessária’ a decisão de prisão preventiva proferida pelo ministro Alexandre de Moraes.
‘Ante o quadro acima exposto, considerando presentes os requisitos constitucionais do flagrante e da inafiançabilidade, além de estar adequadamente fundamentada, meu voto é pela preservação da eficácia da decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, referendada, à unanimidade, pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal’, diz o relatório de Darci de Matos.
Fonte: G1 – Política
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