Ex-ministro da CGU criticou relatório em reunião com Bolsonaro, mas parecer confirmou segurança das urnas eletrônicas.
Durante uma reunião, o ex-ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, criticou um relatório que estava em andamento na CGU e que afirmava a confiabilidade das urnas eletrônicas. Segundo Rosário, ele recebeu o relatório e, apesar de afirmar que não entendeu o conteúdo, disse que estava ‘horrível’.
O ex-chefe da CGU contou que durante a reunião gravada em vídeo, recebeu o relatório da última fiscalização da CGU e não teve coragem de mandar adiante, pois o relatório estava ‘horrível’. Em suas palavras: ‘Por que que esse relatório não fala nada com nada?’. (Fonte: Portal Correio)
A polêmica reunião entre Bolsonaro e seus ministros
A gravação da reunião entre Bolsonaro e seus ministros se tornou um dos principais materiais de investigação da Polícia Federal sobre a tentativa de um golpe de Estado. O sigilo do vídeo foi retirado pelo ex-ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Discussão sobre o sistema eleitoral e o relatório da CGU
A reunião ocorreu em 5 de julho de 2022, quando o relatório da CGU estava em andamento. O parecer foi finalizado em dezembro do mesmo ano. O ex-ministro Rosário apontou questões técnicas como obstáculos do relatório, que seguia na direção de atestar a confiabilidade das urnas eletrônicas.
Questões técnicas e segurança das urnas eletrônicas
Durante a reunião, o ex-ministro expressou preocupação com a segurança das urnas eletrônicas: ‘ Eu não entendi nada do relatório. (inaudível) A forma como foi montado não permite uma fiscalização propriamente dita. Vou dar um exemplo: o sistema que faz a segurança da urna ele está numa linguagem que na CGU não tenho nenhum especialista. Mesmo que eu queira auditar, eu não vou conseguir. Ele tem 20 milhões de linha de programação. São 20 milhões de linhas. Então imagina aí o tempo que a gente necessitaria para auditar isso. Talvez no meio dessas linhas tenha algum tipo de problema‘.
Versão final do parecer da CGU sobre as urnas eletrônicas
Apesar das preocupações levantadas na reunião, o parecer final da CGU conclui que não há nenhum problema com as urnas eletrônicas. O documento ressalta a confiabilidade do sistema eleitoral e afirma: ‘No âmbito de atuação da CGU como entidade fiscalizadora, considerando o escopo de ação definido pela Controladoria e os instrumentos de fiscalização disponíveis na Resolução TSE nº 23.673/2021, não foram verificadas inconsistências no sistema eletrônico de votação entre as situações previstas e as verificadas pelas equipes’.
Linguagens de programação e transparência do relatório da CGU
O relatório da CGU tratou com normalidade o fato de o sistema eleitoral ter quase 20 milhões de linhas de códigos. ‘Os referidos sistemas são desenvolvidos em diversas linguagens de programação, incluindo linguagens em nível de máquina, totalizando quase 20 milhões de linhas de código’, diz trecho do documento. Segundo a atual gestão da CGU, o relatório não foi publicado e não teve transparência sob o comando de Rosário. A existência desse parecer só foi descoberta em 2023, na administração do ministro Vinicius de Carvalho, quando houve pedido de acesso ao documento via Lei de Acesso à Informação.
Fonte: G1 – Política
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