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Mulher vítima de estupro teve acesso ao aborto negado na terceira unidade de saúde, colocando sua vida em risco.
Via @correio.braziliense | Uma mulher vítima de estupro teve o acesso ao aborto legal negado em três hospitais públicos em São Paulo. Ela só descobriu a gravidez quando completou 24 semanas e teve que procurar ajuda da Defensoria Pública para conseguir acesso ao procedimento. A situação levanta debates sobre a importância do respeito à decisão da mulher em casos de aborto.
A discussão sobre a interrupção da gravidez em casos de estupro é crucial para garantir os direitos das mulheres em situações extremas. A negação do acesso ao aborto legal coloca em risco a saúde física e mental das vítimas, evidenciando a necessidade de políticas públicas mais eficazes nesse sentido. É fundamental que a sociedade e as instituições estejam atentas e sensíveis às demandas das mulheres que buscam apoio em momentos delicados como esse.
Experiência Traumática na Unidade de Saúde
Na terceira unidade de saúde visitada pela vítima em busca de atendimento, ela descreveu ter sido submetida a uma situação angustiante relacionada ao aborto. Segundo seu relato, ao chegar para o atendimento agendado, não foi recebida da maneira esperada. Ela foi constrangida a ouvir os batimentos cardíacos do feto, o que a deixou extremamente desconfortável. A vítima compartilhou: ‘Como o atendimento estava agendado, achei que eu ia chegar e iam estar me esperando. O atendimento foi péssimo, tive que falar perto de pessoas e o pior de tudo foi precisar ouvir o coração do feto. Eu pedi para ele parar e tirar, levantei e saí da sala.’
Pressão da Equipe Médica para Não Realizar o Aborto
A mulher também relatou que a equipe médica do Hospital Municipal Tide Setubal tentou dissuadi-la de prosseguir com a interrupção da gravidez. Ela mencionou que lhe sugeriram segurar a gestação até o nono mês, prometendo cuidados e até mesmo uma cirurgia de laqueadura. Essa pressão a deixou abalada, levando-a a considerar alternativas em casa, sozinha, devido à falta de apoio. ‘Me falaram para tentar segurar o neném até nove meses, que eles me dariam laqueadura, que iam cuidar de mim e me buscar para fazer a cirurgia e tudo mais. Eu fui embora para casa acabada, não sei nem explicar. Eu já estava pensando como fazer em casa sozinha porque eu não tinha condições’, desabafou.
Desafios no Acesso ao Aborto Legal
No Brasil, a legislação permite o aborto em casos específicos, como anencefalia, risco de vida para a mãe e estupro. No entanto, a vítima enfrentou obstáculos ao tentar realizar o procedimento legalmente. Após exames e orientações médicas, foi encaminhada para buscar ajuda em outra unidade de saúde e na Defensoria Pública. A falta de suporte adequado a deixou em uma situação de desamparo, tendo que buscar soluções por conta própria.
Realização do Aborto em Outro Estado
Diante das dificuldades encontradas, a vítima conseguiu realizar o aborto em outro estado, após receber orientação de um projeto que a auxiliou em todo o processo. Ela destacou a rapidez e a clareza das informações fornecidas, ressaltando a sensação de respeito e cuidado durante todo o procedimento. ‘A defensoria me falou sobre um projeto que entrou em contato comigo e explicou como seria feito em outro estado. Foi tudo muito rápido e muito bem explicado. Parecia que eu estava fora do Brasil. Foi ótimo. Desde a abordagem do começo, os exames. Foi muito respeitoso.’
Busca por Informações Adicionais
O Correio buscou contato com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e com a Defensoria Pública do estado em busca de mais esclarecimentos sobre o caso, porém, até o momento da publicação, não obteve retorno. Aline Gouveia. Fonte: @correio.braziliense.
Fonte: © Direto News
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