Pesquisa Unifesp e Defensoria Pública retrata a crescente repressão em duas décadas contra cultura musical preta e favelada, com operações da Defensoria Pública e a violência das ações proibicionistas.
Um estudo inédito, realizado por meio de análise detalhada de mais de 700 notícias, principalmente da Folha de S. Paulo, revela como a sociedade, o governo e a polícia têm reagido aos bailes funk, conhecidos por alguns como pancadões, desde os anos 2000.
A pesquisa, que dá continuidade a uma linha de estudos sobre o tema, destaca como o fenômeno baile funk, que é também chamado de pancadões em alguns círculos, encontrou nas ruas dos morros de grandes cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo, seu espaço de expressão cultural, desafiando a repressão policial e conquistando espaço nos bailes. Esses eventos são fóruns de expressão cultural e das necessidades das comunidades, como os bailes funk, que são um poderoso instrumento de resistência ao controle estatal e, ao mesmo tempo, um formador de identidades. A popularidade desses encontros, com os ritmos de funk carioca, foi crescendo ao longo dos anos, e se consolidou como um fenômeno cultural, tornando-se, agora, um movimento social ganhando cada vez mais espaço nos discursos políticos.
Um Pacote de Pancadões
O cenário cultural da cidade de São Paulo, especialmente em relação aos bailes funk, sofreu uma transformação significativa ao longo das duas últimas décadas. Desde o início, quando os bailes funk eram pouco noticiados, até o momento atual, em que são frequentemente associados a problemas policias, essa mudança é refletida no relatório Pancadão, uma História de Repressão aos Bailes Funk de Rua na Capital Paulista. O estudo foi produzido pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo e pelo Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Desvendando a Linha do Tempo
A análise do relatório revela uma linha de continuidade na atuação do poder público em relação aos pancadões, especialmente nas periferias. Ao longo dos anos, essa atuação foi marcada por uma crescente repressão policial, que resultou em uma série de tragédias, incluindo o Massacre de Paraisópolis. Nesse contexto, a Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (Apafunk) foi criada como uma resposta à repressão, visando profissionalizar e resgatar a cultura funk das ruas.
A Fonte da Informação
O relatório baseia-se em uma fonte considerável de informações, com 617 notícias do noticiário da Folha de S. Paulo entre 2001 e 2022. Embora o estudo não busque avaliar a linha editorial do jornal, as notícias são um termômetro que revela a crescente visão política e policial sobre os bailes funk. O relatório, com 141 páginas, é um documento sério que apresenta uma metodologia científica rigorosa, oferecendo uma aula de interpretação das reverberações sociais dos bailes funk.
O Poder da Cultura
Em um cenário de proliferação de opiniões internéticas, o relatório Pancadão pode embasar discussões informadas sobre o fenômeno cultural, musical, preto e favelado dos bailes funk. Embora seja impossível reproduzir aqui o conteúdo do relatório, é fundamental destacar seu título, que revela sua essência: uma História de repressão aos bailes funk de rua na capital paulista. Essa história é essencial para entender o contexto em que o Massacre de Paraisópolis ocorreu, gerando um trauma macabro e, posteriormente, o fim do baile da DZ7.
Os Efeitos da Repressão
A repressão policial aos bailes funk, como destacado no relatório, teve consequências devastadoras. Além do Massacre de Paraisópolis, houve outras mortes antes e depois desse evento, mostrando que a repressão não cessou. A Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (Apafunk) foi criada como resposta à repressão, visando profissionalizar e resgatar a cultura funk das ruas. O relatório ressalta o caráter persistentes das ações proibicionistas e suas consequências dramáticas.
A Fonte do Relatório
Embora o relatório Pancadão seja uma fonte valiosa de informações, é fundamental destacar que a interpretação das reverberações sociais dos bailes funk é um processo complexo. O estudo tem como base o noticiário da Folha de S. Paulo entre 2001 e 2022, totalizando 617 notícias. Essa base de dados é crucial para entender a visão política e policial sobre os bailes funk ao longo das duas décadas. O relatório, com 141 páginas, oferece uma análise rigorosa e científica, tornando-se um documento fundamental para discussões informadas sobre o fenômeno dos bailes funk.
Fonte: @ Terra
Comentários sobre este artigo