Única vez, União Barbarense dívida-cheia perde estádio por 30% de valor avaliado, R$ 11M. Credores, Justiça Trabalho, 1921. Torcedores temem demolição, pede tombamento: Antônio Lins Ribeiro, rua 13 de maio, inaugurado, Guimarães. Histórico patrimônio, eleições municipais.
O União Barbarense era uma equipe amadora, com quase sete anos de existência, quando disputou sua primeira partida em seu próprio campo. No estádio localizado na rua 13 de maio, em Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo, conquistou uma vitória em um amistoso contra o Concórdia, de Campinas, por 3 a 1. Naquela ocasião, somente os espectadores próximos ao gramado acompanhavam atentamente o desenrolar do jogo.
No decorrer dos anos, o União Barbarense consolidou-se como um clube respeitado na região, mantendo sua tradição e paixão pelo futebol. A equipe continuou a escrever sua história, marcando presença nos campeonatos locais e demonstrando o espírito competitivo que sempre caracterizou o time. O União Barbarense tornou-se um símbolo de orgulho para a comunidade, reunindo torcedores fiéis em cada partida disputada.
União Barbarense: Um Clube Próspero com uma História Centenária
Não havia uma única emissora irradiando a partida. Afinal, não existiam emissoras – a primeira transmissão de rádio no país só seria feita um ano depois, em 1922, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil. O estádio, inaugurado em 22 de maio de 1921, que posteriormente seria batizado como Antônio Lins Ribeiro Guimarães, o presidente do clube na época, completa quase 103 anos sob ameaça de demolição. Foi nesse local que a equipe, fundada no início do século passado, celebrou a conquista da Série C de 2004, seu maior título.
Asfixiado por dívidas, o União Barbarense viu seu principal patrimônio ser vendido por ordem da Justiça do Trabalho por R$ 11 milhões, valor significativamente abaixo da avaliação original. No entanto, essa quantia não é suficiente para quitar as dívidas com os credores que moveram a ação que resultou no leilão. Em abril, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) rejeitou mais um recurso do clube, tentando anular a transação da área do estádio.
Em meio a um ano de eleições municipais, o clube observa de forma periférica a política assumir a dianteira na busca por votos na cidade de 183 mil habitantes, localizada a 148 quilômetros de São Paulo. Políticos locais se envolveram na causa, prometendo apoio em uma campanha liderada por torcedores pela preservação do imóvel – um pedido que já foi negado duas vezes pelo órgão responsável pelo patrimônio histórico da cidade.
A batalha nos tribunais se arrasta há anos, com pouca esperança de uma resolução legal. A oitava turma do TST rejeitou por unanimidade um agravo do clube na última semana de abril, buscando invalidar o edital que levou o estádio a leilão. Novos recursos ainda podem ser apresentados, levando a discussão até o STF (Supremo Tribunal Federal).
Carlos Dalberto, conhecido como ‘Festa’, emociona-se ao falar sobre o possível desfecho: ‘É esperar a Justiça negar o nosso recurso, que o oficial de Justiça venha até a nossa secretaria e faça o comunicado da desocupação de todas as dependências do União Barbarense. Nós vamos colocar os nossos troféus em caixas, encontrar um local na cidade para armazená-los. E entregar a chave, pois nem a chave será mais nossa’, lamenta o membro-fundador da TUSB (Torcida Uniformizada Sangue Barbarense).
O União Barbarense, criado em 1914, uniu-se seis anos depois ao 7 de Setembro, equipe ligada à Companhia de Estrada de Ferro e Agrícola de Santa Bárbara. A empresa, fundamental para o desenvolvimento da cidade, cedeu cerca de 60 mil metros quadrados de terreno à agremiação em 1920, resultando na construção do estádio como forma de agradecimento. O União Agrícola, como ficou conhecido após a fusão, tem uma história rica e marcante na região.
Fonte: © GE – Globo Esportes
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