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Prêmios do Tesouro IPCA+ caem com expectativa de inflação alta; prefixados se ajustam à Selic elevada na sessão desta quinta-feira.
Os juros dos títulos públicos estão seguindo caminhos diferentes na sessão de hoje. Após a divulgação do IPCA-15, também chamado de ‘prévia da inflação’, acima das projeções, as expectativas de aumento da inflação se intensificaram. Esses dados sugerem que os juros devem permanecer elevados por mais tempo para conter o avanço da inflação.
A situação atual indica que os investidores estão atentos ao índice de preços e às movimentações da inflação. Manter-se informado sobre esses indicadores é essencial para tomar decisões financeiras mais assertivas.
Reflexos da inflação nos juros e nos papéis
Com o dólar em alta, a pressão inflacionária continua a aumentar, impactando diretamente a política monetária. Isso significa que a taxa básica de juros (Selic) provavelmente permanecerá em níveis elevados por um período prolongado. Com a perspectiva de mais juros, os títulos prefixados precisam oferecer retornos mais atrativos para manterem seu apelo aos investidores. No mercado do Tesouro Direto, esses papéis têm registrado um aumento constante sessão após sessão. Hoje, por volta das 11h30, os títulos prefixados com vencimento em 2027 ultrapassaram a marca dos 12%. Enquanto os papéis com prazo para 2031 mantiveram-se praticamente estáveis, saindo de 12,34% para 12,35%.
Os títulos de prazo mais curto são mais sensíveis às decisões da política monetária atual. Ou seja, quanto maior a inflação, maior a Selic e, consequentemente, maiores os juros oferecidos nos papéis. Já os títulos de prazo mais longo estão mais ligados às expectativas de juros futuros. Nesta manhã, os contratos com prazo semelhante a esses títulos estão em declínio, o que pode indicar um movimento de ajuste no mercado.
De forma geral, as taxas de juros dos títulos do Tesouro estão em um nível elevado. Isso significa que estão acima do que seria considerado equilibrado em termos de risco e retorno. Essa situação não é apenas reflexo da inflação no Brasil e da Selic, mas também está relacionada aos prêmios oferecidos nos Estados Unidos. Com a inflação acima das expectativas nos EUA, a perspectiva de um afrouxamento monetário fica ainda mais distante.
Com os juros altos nos EUA, os investidores tendem a preferir alocar recursos na economia mais estável daquele país, em vez de arriscar em mercados emergentes como o Brasil. Isso leva os títulos brasileiros a oferecerem retornos mais atrativos para competir por esses investimentos que migram para os EUA.
Impacto da inflação nos títulos de IPCA+
Por que, então, os títulos indexados à inflação têm apresentado queda? É fundamental compreender a relação inversa entre taxas de juros e preços dos títulos. À medida que os preços sobem, as taxas de juros caem e vice-versa. Quando as taxas de juros aumentam, mesmo que isso seja positivo para os investidores em termos de rentabilidade, o valor de mercado dos títulos diminui, resultando em perdas temporárias para os detentores desses papéis.
Assim, diante da expectativa de inflação mais alta, os investidores buscam proteção e procuram os títulos do Tesouro IPCA+ para garantir retornos reais no futuro. Com a crescente demanda, os preços desses títulos sobem e as taxas de juros caem. Entre os títulos atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029, o mais curto, oferecia um retorno real de 6,42% ontem, e agora apresenta 6,40% acima do IPCA. Já o título de prazo mais longo, o Tesouro IPCA+ 2045, reduziu o retorno real de 6,36% para 6,33%.
Os títulos indexados à inflação têm sido amplamente recomendados por especialistas diante do cenário de inflação tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Em períodos de incerteza, é natural que esses títulos sejam mais procurados pelos investidores. É importante estar atento às oscilações nas negociações dos títulos, pois em momentos de grande procura, os juros podem variar significativamente.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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