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A taxa de renda fixa alta pode beneficiar portfólios conservadores, mas prejudica a evolução dos investimentos e da economia a longo prazo.
Para a maioria, Charles Robert Darwin dispensa apresentações. Mas não custa apresentá-lo ou ao menos relembrar quem ele foi. Creio ser de bom tom, dado que minha inspiração de hoje vem dele. Darwinismo é a teoria que revolucionou a biologia, ao propor que as espécies evoluem por meio da seleção natural.
Essa ideia de evolução e seleção natural não se restringe apenas ao âmbito biológico. Ela também pode ser aplicada em outras áreas, como na teoria econômica e nos investimentos. A teoria de investimentos se baseia em princípios semelhantes, onde os mais adaptados às mudanças do mercado tendem a prosperar. Assim, entender o Darwinismo pode ser útil não apenas para a ciência, mas também para o mundo dos negócios e da teoria financeira.
Darwinismo na Teoria da Evolução e nos Investimentos
Segundo a teoria da evolução, as espécies sofrem mudanças ao longo do tempo, resultando na origem de novas espécies e compartilhando um ancestral comum. Nesse contexto, o darwinismo descreve como a evolução ocorre por meio da seleção natural ao longo das gerações. Em suma, não é o mais forte que sobrevive, mas sim o mais adaptável.
A teoria da evolução, incluindo a seleção natural e o darwinismo, transcendeu os limites da biologia. No âmbito social, o darwinismo social sugere uma hierarquia entre as sociedades, com a ideia de superioridade de uma sobre a outra, fruto de uma competição social dinâmica.
Mas será viável aplicar os princípios darwinistas no universo dos investimentos? Recentemente, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 10,5%, interrompendo uma sequência de cortes. Com isso, o Brasil alcançou a segunda maior taxa de juros real do mundo.
Analogamente à seleção natural de Darwin, o ambiente da Faria Lima não favorece a seleção, adaptação e evolução do investidor. O conforto da renda fixa com taxas de juros elevadas pode beneficiar os portfólios conservadores, mas prejudica a evolução dos investimentos e da economia a longo prazo.
Taxas elevadas aumentam os custos de capital das empresas, dos empréstimos individuais, da dívida pública e desencorajam o investimento. Nesse contexto, o darwinismo financeiro enfrenta obstáculos, pois um ambiente assim dificilmente promove a transição de rentistas para investidores.
Mesmo em períodos de juros mais baixos, a busca por alternativas de investimento ainda é tímida. A maioria prefere fugir da renda fixa do que migrar para a renda variável, um movimento temporário revertido com a alta da Selic.
A dificuldade de adaptação em um cenário de risco/retorno desfavorável afeta até mesmo os investidores mais experientes. O ambiente econômico atual não estimula a evolução para instrumentos mais arrojados, visto que os retornos do CDI, apesar do baixo risco, não incentivam essa mudança.
Assim como Darwin afirmou, o ambiente seleciona os organismos mais aptos a sobreviver em determinado contexto. No entanto, conforme indicado pelo Banco Central, não se espera mudanças significativas até o final do ano, o que limita a capacidade de evolução e adaptação dos investidores no mercado financeiro.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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