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Jornalista Roberto Müller Filho, falecido em 4 de junho aos 82 anos, auxiliou na libertação do futuro ministro do STF, Eros Grau, em São Paulo.
Falecido em 4 de junho, aos 82 anos, o repórter Roberto Müller Filho contribuiu para libertar o futuro ministro do Supremo Tribunal Federal, Eros Grau, dos porões da ditadura, na década de 1970. Esse acontecimento destaca a coragem e a determinação do ex-profissional da Folha e da TV Globo em lutar pela justiça e pela liberdade.
Além de libertar Eros Grau, Roberto Müller Filho também teve um papel fundamental em outro episódio marcante da história brasileira, ao ajudar a soltar diversos outros prisioneiros políticos durante o regime militar. Sua atuação destemida e comprometida com a verdade deixou um legado de coragem e resistência que inspira gerações até os dias atuais.
Libertação de Eros Grau: Um Episódio de Coragem e Solidariedade
Eros Grau, que estava destinado a se tornar ministro do STF, passou por um episódio marcante em 1972 durante a ditadura militar. O próprio Eros Grau compartilhou a história em uma entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico. Ele recordou seus dias na Secretaria de Finanças de São Paulo, sob a liderança de Dilson Funaro, que também contava com a presença de Muller em sua equipe.
Naquele ano, Funaro solicitou a presença de Eros Grau, que, para surpresa de todos, havia sido detido pela ditadura militar. Ele foi submetido a torturas nos porões do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Naquela época, o medo de represálias impedia que qualquer pessoa mencionasse a prisão de alguém.
Foi então que Roberto Müller Filho tomou a iniciativa de informar Funaro sobre o ocorrido. Funaro, por sua vez, procurou o governador Abreu Sodré e declarou: ‘Eros está detido sem motivo aparente. Se ele não for solto dentro de 24 horas, eu renunciarei e denunciarei o caso à imprensa’. Essa atitude desencadeou uma série de movimentações políticas que culminaram na libertação de Eros Grau.
‘Eros Grau expressou sua gratidão a Müller, afirmando que sua liberdade só foi possível graças à coragem e determinação do amigo’, conforme relatado à ConJur. ‘Estou aqui hoje graças a ele, enquanto ele já se foi. Nos reencontraremos em breve!’, acrescentou emocionado. Eros Grau foi nomeado ministro do STF em 2004 por Lula e se aposentou em 2010, pouco antes de completar 70 anos.
A ConJur também destacou outra demonstração de integridade de Roberto Müller Filho, quando agiu para evitar a divulgação sensacionalista do suicídio do médico e escritor Pedro Nava, a quem ele admirava profundamente. Müller era conhecido por sua postura respeitosa e humanitária, sempre priorizando o bem-estar e a dignidade de cada indivíduo. Sua conduta exemplar deixou um legado de solidariedade e compaixão.
Fonte: © Conjur
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