Jovens que não usaram redes-sociais usavam mesmo saber o ano de lançamento de um clássico-da-literatura.
As redes sociais são uma ferramenta poderosa que facilita a interação das pessoas, mas, muitas vezes, acabam consumindo nosso tempo de forma excessiva, o que pode afetar negativamente o nosso foco nos estudos. Com isso em mente, muitos estudantes optam por se afastar das redes sociais para se concentrar em suas atividades acadêmicas.
Um exemplo disso é a aplicação do vestibular da FGV, que continua a ser um desafio para muitos, e não apenas por causa da concorrência. Além disso, a pandemia também trouxe um grande impacto nas redes sociais, trazendo uma grande quantidade de pessoas para esses ambientes virtuais. Muitos dos interessados em se matricular na FGV em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, provavelmente desconheciam que abandonar as redes sociais pode atrapalhar o foco nos estudos e prejudicar o desempenho em provas como a do vestibular da Fundação Getúlio Vargas.
Redes sociais forem o destino de muitos que se preparam para a prova da FGV
A pergunta que faz parte do exame da Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi questionada por alunos de Ciências Sociais. Ela pede que o candidato identifique o ano de publicação de um clássico da literatura brasileira, mencionado em um vídeo que viralizou em maio no TikTok e no Instagram. Para quem não está conectado, a única chance de acertar a resposta é saber exatamente o ano da publicação do livro. Alguns alunos reclamaram que a pergunta ganhou o tom de uma ‘decoreba’ para os alunos que não usam as redes.
Redes sociais são o mercado de trabalho para muitos
A pergunta exigia que o candidato já tivesse ao menos ouvido falar do conteúdo que viralizou em maio, no TikTok e no Instagram. Para os ‘desconectados’, havia uma única chance de acertar a resposta: saber exatamente o ano de publicação de um clássico da literatura brasileira. A FGV não menciona o nome da pessoa no enunciado, mas é Courtney Henning Novak, escritora e podcaster americana, de 45 anos, que mostrou seu ‘desespero apaixonado’ por um dos nossos clássicos. ‘Preciso ter uma conversa com o pessoal do Brasil. Por que não me avisaram antes que este é o melhor livro já escrito? O que vou fazer do resto da minha vida depois que terminá-lo?’, disse Novak, no vídeo que viralizou no TikTok.
Redes sociais são o atalho para o sucesso
Os candidatos que acompanharam essa história na internet certamente levaram poucos segundos para acertar a resposta: alternativa ‘C’, ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, obra publicada pelo autor brasileiro Machado de Assis (1839-1908) em 1881. É preciso dizer que a repercussão do vídeo da norte-americana extrapolou as redes sociais — o livro passou a liderar o ranking de ‘mais vendidos’ de um grande site de compras, e diversos veículos de imprensa produziram reportagens sobre a ‘resenha viral’ (como o próprio g1 e o Jornal Nacional). Um aluno que tenha acompanhado essas matérias, mesmos sem usar redes sociais, poderia ter acertado. Mas não necessariamente foi o caso de quem passou o ano mergulhado nos livros e nas apostilas.
Redes sociais são o caminho para o conhecimento
É uma pergunta que testa, na verdade, o quanto que o candidato está antenado com os acontecimentos importantes no país. Dentro de atualidades, ela cabe. Como literatura, não. Ela sequer exige que o aluno saiba quem é Machado de Assis para entender por que o vídeo viralizou, afirma Maurício Soares, professor de Literatura do Curso Anglo. Outra ‘saída’ para quem não usou redes sociais neste ano seria ter alguma noção de cronologia literária: entre Guimarães Rosa (1908-1967), Fernando Sabino (1923-2004), Machado de Assis (1839-1908), Euclides da Cunha (1866-1909) e Graciliano Ramos (1892-1953), os únicos que poderiam ter publicado uma obra em 1881 seriam o próprio Machado e Euclides da Cunha. Com um conhecimento mais aprofundado (e uma memória prodigiosa), o aluno poderia apostar mais fichas em Machado, já que da Cunha tinha apenas 15 anos em 1881. Não é uma ‘decoreba’ simples de se exigir de quem não está atrás do mundo das redes sociais.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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