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Localizado no número 53 da Avenida Venezuela, a Ocupação Zumbi dos Palmares tem cômodos unifamiliares em antigos casarões, com aspecto de abandono e portão de ferro preto.
O cheiro de urina é intenso ao se aproximar do prédio. Colchões substituem as janelas. Árvores crescem pela fachada, conferindo ao edifício de dez andares um ar adicional de desolação. Tudo aparenta estar se desmoronando, se deteriorando aos poucos.
Enquanto isso, a situação das ocupações em nossa cidade tem se agravado. Muitas famílias ainda lutam por uma moradia digna, enquanto diversos imóveis abandonados permanecem sem uso. A necessidade de ações concretas para lidar com essa realidade é urgente. Precisamos encontrar soluções sustentáveis para garantir que todos tenham um lugar seguro para viver.
Ocupações em imóveis abandonados: uma realidade na cidade do Rio de Janeiro
No portão de ferro preto da entrada, dois algarismos pintados em branco informam, ao correio, que ali é o número 53 da Avenida Venezuela, na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro. O aspecto de abandono é evidente, contrastando com a movimentação das pessoas que entram e saem, buscando abrigo em meio à precariedade das condições.
A ocupação Zumbi dos Palmares, localizada no centro do Rio, é um exemplo marcante dessa realidade. O cheiro de urina misturado com a poeira que paira no ar denuncia a falta de higiene e infraestrutura adequada. Os cômodos unifamiliares em antigos casarões são divididos entre diversas famílias, cada uma buscando um lugar para chamar de lar.
Moradia é uma questão urgente para cerca de 100 pessoas que encontraram nos imóveis abandonados uma alternativa desesperada. O número 53 da Avenida Venezuela não está sozinho nessa situação, sendo apenas um dos 69 edifícios ocupados na região central do Rio de Janeiro. O cenário se repete em diferentes endereços, revelando a gravidade da crise habitacional na cidade.
Os dados do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da UFRJ apontam que 2.435 famílias sem teto encontraram nos imóveis abandonados uma oportunidade de sobrevivência. A distribuição entre imóveis privados e públicos reflete a diversidade das ocupações, que vão desde prédios verticalizados até conjuntos de casas e terrenos ocupados.
A presença de crianças nesses locais é alarmante, com mais de 500 pequenos habitando esses espaços precários. Mães solos são responsáveis por cerca de 25% dos cômodos ocupados, enfrentando desafios diários para garantir o bem-estar de suas famílias. A ocupação se torna a única opção para grupos sociais vulneráveis, que buscam na solidariedade e na resistência uma forma de enfrentar a marginalização.
A Ocupação Zumbi dos Palmares, iniciada em 2005, é um exemplo de luta e resistência. Mesmo diante de uma retirada forçada em 2011, as famílias retornaram ao prédio abandonado, reivindicando o direito à moradia digna. A pandemia de covid-19 trouxe novos desafios, intensificando a precariedade das condições de vida no local.
A incerteza sobre o futuro permeia o cotidiano dos moradores, que aguardam decisões judiciais sobre a posse do imóvel pelo INSS. O investimento em revitalização da região contrasta com a realidade das ocupações, evidenciando as desigualdades presentes na cidade. Enquanto o número 53 da Avenida Venezuela aguarda seu destino, as famílias que ali residem lutam por um lugar ao sol, resistindo à invisibilidade imposta pela falta de políticas habitacionais efetivas.
Fonte: @ Agencia Brasil
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