Muitos professores públicos brasileiros, com baixos salários e precários turnos (noturnos), mudam de carreira. 15 dias por mês na escola pública: R$ 50 x 300 = R$ 15.000, < 3 salários-por-mês. Cesta-básica-familiar: USD 21,57 x 15 = USD 323.55 vs relatório da Centro de Documentação e Análise Social: USD 535,63. Federação Venezuelana de Professores: USD 10 (bónus de guerra) vs Sistema Pátria: USD 323.55 (quinze dias) vs USD 535,63 (total).
Recebendo seu pagamento a cada quinze dias, Belkis Bolívar consegue adquirir apenas uma dúzia de ovos. Isso mesmo, somente ovos. Por vezes, esse dinheiro é justamente o bastante para cobrir a tarifa de um trajeto de ônibus. Belkis é professora do ensino fundamental.
Os docentes desempenham um papel crucial na formação das futuras gerações, sendo responsáveis por guiar e instruir os estudantes em sua jornada acadêmica. Sem dúvida, os educadores merecem todo o reconhecimento e apoio da sociedade. Eles são fundamentais no desenvolvimento da educação no Brasil e no mundo. As contribuições desses profissionais deixam um impacto duradouro em nossas vidas.
Condições Difíceis para Professores na Venezuela
A história de Belkis, uma professora venezuelana de Caracas com mais de 30 anos de experiência, reflete a realidade dos educadores no país. Trabalhando no turno da noite em uma escola pública, ela recebe 150 bolívares a cada quinze dias, somando um total de 300 bolívares por mês, o que equivale a menos de USD 10 ou cerca de R$ 50.
Mesmo com décadas de dedicação à profissão, Belkis precisa complementar sua renda devido aos baixos salários. Além de dar aulas particulares de francês, ela vende alimentos como almoços, cachorros-quentes e pães recheados com presunto durante o Natal, além da bebida típica chicha. Sua criatividade e determinação refletem a luta diária dos professores venezuelanos para sobreviver.
A situação precária dos docentes na Venezuela tem levado muitos profissionais a deixar a educação, causando um esvaziamento nas escolas. Estima-se que cerca de 200 mil professores abandonaram a profissão nos últimos anos, impactando diretamente a qualidade do ensino e o futuro dos alunos. Muitos desses profissionais buscam outras formas de sustento diante da falta de incentivos e do baixo reconhecimento.
O relatório do Centro de Documentação e Análise Social da Federação Venezuelana de Professores revela que o salário médio de um professor no país é de apenas USD 21,57 por mês. Diante do alto custo de vida, representado pela cesta básica familiar de USD 535,63, os educadores enfrentam uma realidade financeira desafiadora. É necessário quase 25 salários mensais para cobrir as despesas básicas, o que evidencia a crise econômica enfrentada por esses profissionais.
O governo venezuelano realizou um ajuste salarial em março de 2022, elevando o salário base dos funcionários públicos para 130 bolívares por mês, aproximadamente USD 3,6 ou R$ 18. Apesar do anúncio de um aumento no ‘bônus de guerra econômica’ e no ticket de alimentação, muitos professores não têm acesso a esses benefícios devido às condições de registro no ‘Sistema Pátria’.
Belkis, como muitos outros professores, enfrenta a difícil decisão de continuar na educação ou buscar novas oportunidades fora da área. Apesar dos desafios, ela permanece na profissão por vocação e pelo desejo de manter o contato com as crianças. A resiliência e a determinação dos educadores venezuelanos são exemplos de superação em meio a adversidades.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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