Em parceiro com dois alunos, Elfatih Eltahir criou um mapa interativo que mostra quantos dias por ano, até 2100, cada país tem de exposição solar. Brasil: pior cenário perde 81 dias – rotina, exercícias físicos, temperatura agradável, atividades fora de casa.
Aos 62 anos, o engenheiro sudanês-americano Elfatih Eltahir gosta de caminhar ao ar livre por uma hora, diariamente, nas redondezas de sua residência em Boston, nos Estados Unidos. Ultimamente, durante a estação de inverno, ele tem levado a sério sua prática de atividade física de forma mais agradável — os dias gélidos e os ventos cortantes têm dado uma trégua nas manhãs da região.
Elfatih Eltahir mantém o hábito de caminhar ao ar livre todos os dias da semana, desfrutando da sensação de liberdade que a atividade lhe proporciona. Mesmo nos dias mais frios, ele encontra motivação para sair e aproveitar o ar fresco, aproveitando o tempo livre para cuidar da saúde e do bem-estar.
Estudo aponta impacto do aquecimento global nos dias ao ar livre
Eltahir observou diferenças significativas também durante o inverno no Sudão, durante sua visita à família. Enquanto na costa nordeste americana é possível desfrutar de caminhadas diárias, no Sudão o calor intenso está tornando cada vez mais difícil aproveitar os dias ao ar livre.
Como professor de engenharia civil e ambiental do MIT, Eltahir utilizou suas observações para criar uma ferramenta inovadora que analisa os impactos do aquecimento global na qualidade de vida. Em um artigo recente publicado na revista científica Journal of Climate, Eltahir e seus colegas apresentaram o conceito de ‘dias ao ar livre’.
Essa ideia refere-se ao período de tempo em que as condições climáticas são ideais para atividades ao ar livre. Baseando-se em modelos climáticos, o trio desenvolveu um software que prevê quantos dias ao ar livre cada país terá até o final do século.
Por meio de um mapa interativo, os usuários podem selecionar uma região, definir uma faixa de temperatura agradável e escolher entre uma perspectiva otimista ou pessimista. Os resultados mostram a quantidade de dias ao ar livre que podem ser esperados, levando em conta diferentes cenários climáticos.
No Brasil, por exemplo, os prognósticos não são muito animadores. Dependendo das ações adotadas em relação ao meio ambiente, os brasileiros podem perder entre 43 e 81 dias ao ar livre até 2100. Imaginar quase um quarto do ano sem poder aproveitar atividades ao ar livre devido ao calor é preocupante.
Ao traduzir os desafios do aquecimento global em dados concretos, como a quantidade de dias ao ar livre disponíveis, os cientistas pretendem facilitar a compreensão da urgência das mudanças climáticas. Essa perspectiva tangível pode motivar ações concretas para mitigar os impactos ambientais.
Enquanto alguns especialistas veem nessa abordagem uma oportunidade de mudança de comportamento, outros, como Claudio Angelo, do Observatório do Clima, acreditam que são necessárias ações regulatórias mais efetivas para combater o aquecimento global. A discussão continua sobre o papel das pessoas e dos governos na construção de um futuro mais sustentável.
Fonte: @ NEO FEED
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