Dono de empresa de TI em Minas Gerais é alvo de busca após fornecer relatório sobre lisura das eleições, suspeita de desinformação.
Na operação realizada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (8), que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado, Eder Balbino, proprietário de uma empresa de tecnologia da informação situada em Uberlândia (MG), é um dos alvos. A empresa foi responsável por contribuir com o estudo que levou o PL a contestar as urnas após o segundo turno das eleições.
Quando Valdemar da Costa Neto decidiu questionar as urnas juntamente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022, ele mencionou, em uma coletiva de imprensa, que recebeu auxílio de ‘um gênio de Uberlândia’. Conforme a investigação, esse gênio seria Eder Balbino.
PL: Partido Liberal e Valdemar da Costa Neto
A Polícia Federal revelou uma conexão entre Balbino e o argentino Fernando Cerimedo, que se destacou ao realizar uma entrevista coletiva em 12 de dezembro de 2022, na qual alegou a existência de supostas fraudes na eleição brasileira.
A incitação de discursos golpistas de Cerimedo teve repercussão significativa entre os eleitores de Bolsonaro. Curiosamente, Cerimedo é adepto do presidente Javier Milei, na Argentina.
A decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, que autorizou a operação desta quinta-feira, enfatiza que ‘descobriu-se que o investigado Eder Lindsay Magalhães Balbino, sócio da empresa Gaio.io, com sede em Uberlândia/MG, foi o responsável por subsidiar o ‘estudo‘ apresentado por Fernando Cerimedo em sua live‘.
A investigação da PF conseguiu rastrear a conexão entre Balbino e Cerimedo devido ao fato de o argentino ter disponibilizado uma pasta de arquivos durante a live, alegando que estes provavam a existência da suposta fraude nas urnas brasileiras.
Foi identificado que uma dessas pastas de arquivos havia sido editada pelo usuário ‘Eder Balbino’, deixando um rastro que levou a PF até ele.
Além dessas evidências, a Polícia Federal informou ao STF sobre a existência de uma conversa na qual um blogueiro também investigado, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, solicitou a Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o contato do argentino Cerimedo.
A decisão de Moraes também expõe que a empresa de Balbino contribuiu com o relatório produzido pelo Instituto Voto Legal (IVL), entidade contratada e paga diretamente com recursos do fundo partidário pelo Partido Liberal.
‘A Gaio.io foi citada nove vezes no relatório técnico apresentado pelo Instituto Voto Legal (IVL) que baseou o pedido de anulação dos votos das urnas antigas feito junto ao TSE no dia 22.11.2022′, diz Moraes.
Segundo a decisão, o PL fez um pagamento de R$ 1,2 milhão ao IVL, em cinco parcelas de R$ 225 mil.
Entrevista e supostas fraudes
Em entrevista coletiva ao g1 em dezembro, Balbino negou ter produzido conteúdo adverso às urnas para o PL. Ele declarou que sua empresa, a Gaio, apenas forneceu um software de processamento de dados que foi utilizado pelos técnicos contratados pelo partido de Valdemar para examinar as urnas.
Balbino foi alvo de buscas nesta manhã, junto com outros suspeitos de integrar o núcleo responsável por produzir desinformação sobre as urnas. No total, foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva. Há ainda medidas cautelares, como proibição de contatos entre os investigados, retenção de passaportes e destituição de cargos públicos.
Entre os alvos estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, e os ex-ministros Augusto Heleno, Anderson Torres, Braga Netto, além de militares e ex-assessores de Bolsonaro.
Fonte: G1 – Política
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