Queda de J.P. Prates na presidência da estatal é mal-recebida. Mercado questiona escolha de Magda Chambriard, ideológica PT, e reage negativamente. Decisão presidencial, perfil desenvolvimentista, maior participação governo, after market NYSE, PBR, PETR3, PETR4 queda repentina, lucro trimestre, constantes interferências políticas, conselho administração, perda liquidez.
A mudança promovida pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva ao demitir o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, gerou reações negativas no mercado e levantou questionamentos sobre o rumo da governança da companhia.
Essa alteração inesperada no comando da Petrobras trouxe incertezas para os investidores e pode impactar diretamente o desempenho da empresa nos próximos meses.
Mudança na Presidência da Petrobras Causa Incerteza
Parte da incerteza com a alteração da queda de Prates, na noite de terça-feira, 14 de maio, se deve à decisão do presidente em nomear Magda Chambriard para assumir a presidência da Petrobras. Chambriard, com um perfil ideológico desenvolvimentista, tem uma participação maior do governo na empresa. Durante o governo Dilma Rousseff, Chambriard foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ela defende a exploração de petróleo na Margem Equatorial e o investimento da Petrobras em energia verde. Sua nomeação ainda deve ser aprovada pelo Conselho de Administração da empresa.
‘A mudança é ruim, Prates estava fazendo um trabalho razoável, dialogando com o mercado e os representantes do governo; a Magda tem um viés diferente dos acionistas, menos pró-mercado’, afirma Frederico Nobre, chefe de análises da Warren Investimentos. A reação negativa à alteração repentina no comando da empresa ficou clara ainda na noite de terça, quando os papéis PBR, equivalente às ações ordinárias, com maior liquidez, chegaram a cair 8% no after market da Bolsa de Nova York. Os papéis da empresa abriram o pregão em baixa e continuaram acumulando perdas no início da tarde de quarta-feira, 15 de maio, na B3.
A ação preferencial (PETR4) estava em queda de 5,7% e a ordinária (PETR3), -6,8%, por volta de 14h15. Com isso, a Petrobras viu seu valor de mercado cair para R$ 507 bilhões, uma redução de R$ 35,3 bilhões em relação ao dia anterior. Esse montante perdido pela empresa equivale ao valor total das ações da Equatorial Energia. Em fevereiro de 2021, quando Jair Bolsonaro trocou Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna, a ação da companhia caiu mais de 21% no dia.
Em comunicado inicial da tarde, a Petrobras confirmou a saída de Prates e também do diretor financeiro e de Relacionamento com Investidores, Sergio Caetano Leite, além da nomeação da diretora executiva de assuntos corporativos, Clarice Coppetti, como presidente interina. A queda de Prates ocorreu um dia após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre da estatal, abaixo do esperado pelo mercado. A Petrobras registrou lucro líquido do primeiro trimestre de R$ 23,7 bilhões, com queda de 37,9% na base anual e recuo de 23,7% em relação ao quarto trimestre de 2023.
Por outro lado, as constantes ingerências políticas na Petrobras – que caminha para o sexto presidente em três anos – estão levando analistas a prever uma normalização dos papéis no curto prazo. Nos últimos 12 meses, a despeito de várias crises envolvendo Prates e o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, as ações preferenciais da Petrobras valorizaram 50%. No ano, esse tipo de papel teve apenas 1,9% de valorização. Em relatório aos clientes, o Goldman Sachs fez essa ressalva: ‘Apesar dos desentendimentos entre a direção da empresa e o governo, a Petrobras assistiu a uma recuperação.’
Fonte: @ NEO FEED
Comentários sobre este artigo