Desequilíbrio fiscal e aumento da dívida pública tendem a reduzir chances de pacote impedir crise sob economia global com câmbio elevado.
O aumento do pessimismo no Brasil se reflete em uma combinação de fatores, incluindo a deterioração do quadro fiscal brasileiro, que afeta a economia do país, e a tensão política gerada pela vitória de Donald Trump na eleição presidencial nos Estados Unidos. Com notícias negativas se acumulando, o cenário político se torna cada vez mais pessimista, refletindo-se na atitude pessimista da população.
A derrota do pessimismo e o otimismo-negativo são fatores que influenciam a atitude da população. Com a deterioração do quadro fiscal brasileiro e a vitória de Donald Trump, muitos brasileiros estão começando a sentir desânimo e acreditar que o pessimista pode ter razão, o que reflete em um negativismo generalizado. Esse clima tende a afetar a confiança nas instituições do país, fortalecendo ainda mais a atitude pessimista.
Desânimo Econômico: O Pessimismo Predomina
A promessa de apresentar um pacote de medidas para garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal em 2025 pode trazer um alívio temporário, mas as chances de que as medidas em estudo consigam revertendo o pessimismo que se abateu sobre o mercado são extremamente baixas. Neste cenário, o crescimento da dívida pública e o provável aumento do câmbio tendem a agravar a crise fiscal brasileira no médio prazo. Esse diagnóstico foi reiterado por três economistas de renome, que participaram de painéis do Investment Managers Forum, evento promovido pelo banco UBS na segunda-feira, 11 de novembro.
Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, lembrou que a vitória de Trump, com a promessa de elevar as tarifas de importação, deve afetar o comércio global e, consequentemente, o Brasil. Segundo ele, o País deve sofrer com as consequências da eventual piora da guerra comercial entre EUA e China, cujo modelo de crescimento atual se baseia nas exportações, e terá dificuldade de lidar com a retração da economia global gerada pelas tarifas americanas mais elevadas e, como consequência, a alta do dólar.
O Brasil será afetado com o aumento das tarifas porque dependemos da exportação de commodities, ou seja, isso apenas reforça a necessidade de o País fazer o seu dever de casa, com um ajuste fiscal. Embora reconheça que o governo tem consciência de que precisa cortar despesas, Meirelles se mostra pessimista, afirmando que o adiamento do anúncio das medidas mina um pouco a confiança, pois expõe a disputa interna no governo, não acredito que o que for anunciado seja suficiente para reverter a expectativa de desancoragem da inflação.
O impacto maior, adverte, é no médio prazo. O crescimento da dívida pública é insustentável, sem dúvida é o maior problema que enfrentamos. Meirelles citou o alerta divulgado recentemente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que trabalha com modelo diferente da equipe econômica quanto ao crescimento da dívida pública. De acordo com o FMI, a dívida pública brasileira está saindo de um patamar de 81% em relação ao PIB para atingir 91% do PIB no próximo mandato presidencial. Isso fará os mercados tendem a reagir e isso deve reduzir o apetite de investimento externo no País.
Desânimo e Negativismo: Uma Combinação Perigosa
O resultado da eleição americana também foi visto como decisivo para aumentar o pessimismo com a política fiscal brasileira no segundo painel, que teve participação de dois economistas de mercado: Pedro Jobim, economista-chefe e sócio fundador da Legacy; e Carlos Viana de Carvalho, head de research na Kapitalo Investimentos.
Jobim observa que o modelo fiscal adotado pelo governo Lula3 fez subir muito a despesa obrigatória. A limitação de crescimento dos gastos determinado pelo arcabouço fiscal, por sua vez, deixou pouca sobra para as despesas discricionárias, deixando o governo de mãos atadas. O negativismo que permeia o mercado, combinado ao pessimismo, cria um cenário desolador para o País.
O Brasil não se encontra bem preparado para enfrentar as consequências da guerra comercial entre EUA e China, e o aumento das tarifas afetará diretamente as exportações de commodities. Além disso, a alta do dólar e a retração da economia global também prejudicarão o País. O crescimento da dívida pública é um problema de longo prazo, e o FMI alerta que o Brasil está seguindo para uma situação insustentável.
Fonte: @ NEO FEED
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