PF realizou operação em 3 estados para cumprir mandados de busca e apreensão. Investigação de irregularidades e documentos falsos.
A Braskem, empresa química e petroquímica brasileira, está sendo investigada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (21) na operação Lágrimas de Sal. A investigação está relacionada à sua atuação nas minas de extração do sal-gema em Maceió, capital de Alagoas, onde a empresa operou entre 1976 e 2019 e causou o afundamento do solo, resultando na remoção de aproximadamente 40 mil moradores de cinco bairros.
A companhia está sendo investigada em relação à insegurança na atividade econômica relacionada à extração de sal-gema em Maceió. A operação Lágrimas de Sal visa apurar as possíveis consequências da atuação da empresa mineradora na região, que resultou no afundamento do solo e na remoção de milhares de moradores.
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Operação da Polícia Federal descobre irregularidades na mineradora Braskem
A operação da Polícia Federal envolve o cumprimento de 14 mandados judiciais de busca e apreensão, dos quais 11 em Maceió, dois no Rio de Janeiro e um em Aracaju (SE). Não foram divulgados os nomes nem os locais alvo da operação e o processo correm em segredo de Justiça.
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Irregularidades em atividades de mineração da Braskem são alvo de investigação
A companhia Braskem disse que está à disposição das autoridades e afirma que vai colaborar com a investigação. Segundo a PF, técnicos que atuaram na avaliação dos rompimentos das barragens de Mariana (2015) e Brumadinho (2019), em Minas Gerais, vão colaborar na análise.
Há indícios de que as atividades de mineração desenvolvidas no local não seguiram os parâmetros de segurança previstos. Esses parâmetros visavam a garantir a estabilidade das minas e a segurança da população que residia na superfície. A Braskem, por sua vez, tem afirmado que não havia sinais de problema na área até cinco anos atrás, quando apareceram as primeiras rachaduras.
Documentos falsos são apreendidos na operação da Polícia Federal contra a Braskem
Além disso, a Polícia Federal diz que foram identificados indícios de apresentação de dados falsos e omissão de informações relevantes aos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização da atividade. Os investigadores, porém, não detalharam quais eram esses elementos.
‘A gente quer entender o que de fato aconteceu dentro da cadeia de comando da empresa’, afirmou o delegado Marcelo Franca, que está à frente da investigação. ‘Para isso, conseguimos apreender documentos e aparelhos eletrônicos que irão subsidiar as conclusões do nosso trabalho’, disse.
Denúncia de irregularidades na mineradora alagoana Braskem gera preocupações
A Braskem está acompanhando a operação da PF nesta manhã e informa que está à disposição das autoridades, como sempre atuou. Todas as informações serão prestadas no transcorrer do processo, informou a empresa pela manhã, em nota.
Segundo mostrou o Estadão no início do mês, pesquisadores de Alagoas apontavam desde 2010 em publicações científicas sobre riscos ligados à operação da Braskem na região. Questionada pela reportagem, a empresa afirmou que o monitoramento não apontava problemas até 2018.
‘Antes de 2018, não existiam indicativos de trincas ou rachaduras sobre as quais houvesse suspeita de relação com a atividade de extração de sal. De acordo com os estudos técnicos realizados nos últimos quatro anos, conduzidos por diversos especialistas nacionais e internacionais das diferentes áreas das Geociências, foi evidenciado que a subsidência é complexa’, diz a companhia.
‘Ao tomar ciência em 2019 de que a subsidência estava acontecendo na região, a empresa interrompeu definitivamente a extração de sal-gema nessa região e iniciou as ações para mitigação de riscos e reparações’, acrescenta a companhia.
Impactos do rompimento da mina da Braskem na região de Maceió
Imagens da área da mina 18 da Braskem, que se rompeu às 13h15 de domingo (10), mostram o antes e o depois de o local ser inundado pela água da lagoa Mundaú, próxima ao bairro de Mutange, em Maceió (AL)
Reprodução/Instituto do Meio Ambiente de Alagoas | Divulgaçãoo/Defesa Civil de Alagoas | Montagem/R7
Segundo a Defesa Civil Municipal, a mina e todo o seu entorno foram desocupados, por isso não há nenhum risco para os moradores. Nas 24 horas que antecederam o rompimento, o deslocamento vertical de terra foi de mais 12,5 cm. Desde o início da crise na mina 18, o chão já havia afundado 2,35 m
Reprodução/Defesa Civil de Alagoas
O acidente ocorreu porque a extração de sal-gema, um cloreto de sódio utilizado para produzir soda cáustica e policloreto de vinila (PVC), feita pela petroquímica Braskem até 2019, comprometeu o solo
Reprodução/Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas
Especialistas afirmam que a mina tem 60% de sua área dentro da lagoa; os outros 40% estão no continente. A porção que está dentro da lagoa colapsou e iniciou um processo de rompimento
Reprodução/Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas
Imagens divulgadas pela Defesa Civil de Alagoas mostram o reflexo do rompimento registrado às 13h15 de domingo na lagoa Mundaú, no bairro de Mutange. Com a fissura, a água da lagoa está entrando na mina. Não há risco à população, porque a área foi desocupada
Divulgação/Defesa Civil de Alagoas
O rompimento é da ordem de 60 m de diâmetro, de acordo com o prefeito de Macéio, João Henrique Caldas (PL).’O sistema de monitoramento de solo captou a movimentação por meio de DGPS instalados na região. As autoridades foram imediatamente comunicadas, e a Braskem segue colaborando com elas’, informou a mineradora Braskem
Divulgação/Defesa Civil de Alagoas
O rompimento deste domingo não significa o colapso da mina, mas, sim, o começo do processo, de acordo com especialistas
GUIDO JR./FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Fonte: © R7 Rádio e Televisão Record S.A
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