Desafio do novo presidente do Banco Central é usar comunicação clara em termos como economia brasileira, variação de preços, redes sociais, desvalorização do real, imposto para donos de pets e variação mensal do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.
Se o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tivesse a liberdade de escolher o momento certo para assumir sua função, provavelmente ele optaria por um período menos turbulento. Nesse contexto, o começo do verão brasileiro, marcado pelo clima de recesso de fim de ano, poderia ser considerado um momento mais propício para o reflexão sobre os destinos da economia do país.
Entretanto, Gabriel Galípolo não teve essa opção. Ele assume seu cargo em um momento em que o país enfrenta desafios significativos, como a inflação elevada e a alta da cotação do dólar, que tem contribuído para a desvalorização do real. Além disso, a variação cambial, impactada pela inflação e pela alta da cotação do dólar, tem sido um tema de grande preocupação para os economistas e para o mercado financeiro.
Alternativas Inconsequentes e a Inflação
A confusão nas redes sociais sobre os efeitos da alta cotação do dólar nos últimos dias foi um exemplo de como as discussões acaloradas podem levar a uma visão distorcida da realidade. A alta da cotação do dólar foi um fato, mas as variações informadas não tinham qualquer ligação com a inflação, que é o principal foco da economia brasileira.
A desvalorização do real é um tema delicado, e as previsões de um processo de impeachment do atual presidente da república são apenas especulações. O fato é que a inflação é um problema real para o país, e as medidas para combatê-la devem ser baseadas em dados reais, não em especulações.
Além disso, as discussões sobre a intenção oculta do governo ao propor um cadastro geral dos animais domésticos e a possibilidade de criação de um imposto para os donos de pets são apenas uma distração da realidade. A inflação é um problema sério que requer soluções sérias.
A preocupação das pessoas com a riqueza financeira que conseguiram acumular ao longo do tempo é compreensível, mas a inflação é um fenômeno econômico complexo que não pode ser resolvido com facilidades. O modelo de metas de inflação seguido pelo Banco Central não leva em conta a variação de preços dos ativos financeiros para a determinação da taxa de juros.
A tese geral é que a inflação é relativamente estável em torno de uma meta e tem um componente aleatório que pode ser corrigido com mudanças na taxa Selic. Para entender melhor, é importante analisar o gráfico da variação mensal do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos 10 anos, desde 2015.
A faixa mais frequente de variação mensal do IPCA foi entre 0,25% e 0,50%. No período, em 27% dos meses a inflação ficou neste intervalo. A variação mensal do IPCA é um indicador importante da inflação no país.
O componente aleatório da inflação pode ser visto pela altura das barras do gráfico, que tem um formato parecido com o de um sino, mas com uma espécie de cauda para a direita. A barra mais à esquerda indica que os meses com inflação negativa representaram 9% do total. A faixa seguinte, com intervalo entre zero e 0,25% representou 22% dos meses.
O gráfico da taxa de juros mensal, por faixas, tem uma forma diferente da do IPCA porque o Banco Central estabelece a taxa Selic de forma discricionária. Significa que a cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central estabelece, a seu arbitrio, a taxa Selic.
A inflação é um problema complexo que não pode ser resolvido com facilidades. O Banco Central deve manter a taxa Selic ajustada para manter a inflação em torno da meta, evitando danos à economia.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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