Ilana Pinsky sobre saúde mental e a ligação profunda com animais de estimação, um ciclo positivo que beneficia as interações humanas.
Minha infância foi marcada pela presença constante de cães em nossa casa. Meus pais tomaram uma decisão acertada ao criar a mim e a meus irmãos rodeados de animais de estimação, o que nos ensinou a importância da responsabilidade e do amor incondicional. Quando eu nasci, já tínhamos dois cães em casa: Freud, um vira-lata esperto que adorava roubar cuecas do varal, e Jung, um collie que se comportava como um verdadeiro lorde inglês.
Embora Freud e Jung não se dessem muito bem, eles eram uma parte essencial da nossa família. Os cães têm um jeito único de nos ensinar sobre a vida. Eles nos mostram que a lealdade e a amizade são fundamentais para uma vida feliz. Além disso, eles nos fazem rir e nos trazem alegria em momentos difíceis. Meus irmãos e eu crescemos aprendendo a cuidar deles e a entender suas necessidades, o que nos tornou mais empáticos e responsáveis. Os cachorros, ou melhor, os caninos, são verdadeiros amigos e companheiros, e eu sou grato por ter tido a oportunidade de crescer ao lado deles.
A Ligação Profunda entre Humanos e Cães
Ao longo dos anos, nossa família teve o privilégio de compartilhar a vida com vários cães, cada um com sua personalidade única e carismática. Depois de uma fase em que batizávamos nossos cães com nomes de psicólogos famosos, como Skinner e Rogers, passamos a escolher nomes de figuras históricas e divindades. Átila, um setter irlandês, foi um dos primeiros a se juntar à nossa família, seguido por Brutus, um doberman doce e gentil, que foi imortalizado em um livro infantil escrito por minha mãe. Eros, outro doberman, e Platão, um weimaraner fujão, também fizeram parte da nossa família. Além disso, tivemos a sorte de ter Carina, uma setter suave e feminina, como parte do nosso canil.
Atualmente, estamos na fase das danças e dos vizlas, com Tango, que ficou conosco por 12 anos, e Samba, que nos alegra todos os dias com sua presença. A ligação profunda entre humanos e cães não é algo novo, mas sim uma conexão que se desenvolveu ao longo de milhares de anos. Desde que os cães deixaram de ser apenas predadores e se tornaram companheiros inseparáveis, eles despertaram uma conexão afetiva que só se amplia com o tempo.
O Olhar Recíproco e a Ligação Afetiva
O olhar é uma ferramenta poderosa na comunicação, ajudando a decifrar intenções e a construir laços afetivos. O famoso ‘olhar recíproco’ entre mãe e bebê é a forma mais primária de apego social, suscitando altos níveis de oxitocina, o hormônio do vínculo, associados a um contato visual duradouro. Esse ciclo positivo se retroalimenta, onde o cuidado da mãe ativa a oxitocina no bebê, que reforça o apego e aumenta o carinho da mãe.
Surpreendentemente, cientistas descobriram que a relação entre cães e seus donos também envolve um ciclo semelhante. Uma pesquisa publicada na Science revelou que, quando humanos e cães se olham nos olhos, ambos experimentam um aumento nos níveis de oxitocina, intensificando a sensação de conexão. Além disso, o estudo demonstrou que administrar oxitocina nos cães aumentava a frequência com que eles olhavam para os donos, o que, por sua vez, elevava os níveis de oxitocina nos humanos.
O Impacto dos Cães na Saúde Mental Humana
O impacto dos cães na saúde mental humana é fascinante e abrangente, englobando desde a redução de sintomas de estresse até o apoio em quadros mais graves. Estudos mostram que crianças hospitalizadas sentem menos ansiedade após interações com cães, enquanto veteranos de guerra apresentam uma significativa redução nos sintomas de transtorno de estresse pós-traumático com o apoio emocional dos bichos. Os cães são verdadeiros companheiros e amigos, capazes de proporcionar conforto e apoio emocional em momentos de necessidade.
Fonte: @ Veja Abril
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