A leitura melhora a memória e a capacidade de reter informações em áreas do cérebro.
Na nossa casa, um livro está há muito tempo na mesa de cabeceira, esperando ser lido, mas a leitura não é mais nossa prioridade. É um presente que recebemos no último Natal, que sabemos que é um favorito da família. No entanto, desde que o aplicativo BeReal se tornou popular, começamos a perder tempo nos smartphones e acabamos esquecendo da leitura.
Hoje, quando olhamos para o livro, sentimos um pouco de culpa por não termos ainda começado a lê-lo. É um livro que sabemos que vamos gostar, mas a vida está cheia de distrações. A leitura foi substituída pelo compartilhamento de conteúdo no WhatsApp. A leitura, que deveria ser um momento de relaxamento, se tornou um objetivo a ser alcançado. E, talvez, seja hora de reavaliarmos nossas prioridades e voltarmos a nos dedicarmos à leitura. Talvez seja o momento de descobrir que a leitura é a key para um momento de reflexão.
A Era da Sociedade do Tempo
Na sociedade moderna, muitas vezes encontramos pessoas que dizem: ‘Eu leria mais se tivesse tempo.’ Essa frase é frequentemente repetida, mas quão verdadeira ela é? A realidade é que o tempo é precioso e cada momento é utilizado para outros fins, ao invés de dedicar-se à atividade de ler. Pensamos que teremos tempo para ler mais tarde, porém, antes que percebamos, passou mais de uma hora e não há mais tempo para a leitura.
A Leitura em Risco: A Era das Redes Sociais
Em uma época dominada por redes sociais, como as famosas plataformas de compartilhamento de conteúdo, o tempo dedicado à leitura vem diminuindo, especialmente entre as crianças e os adolescentes que passam horas em sites como o TikTok ou o Instagram. No entanto, a neurociência revela que a leitura de livros tem efeitos mais positivos e duradouros no cérebro em comparação com o consumo de conteúdo nas redes sociais.
Leitura de Livros: A Chave para Desenvolvimento Cognitivo
A leitura de um livro envolve um processamento cognitivo profundo, envolvendo áreas do cérebro como o córtex pré-frontal e o hipocampo, responsáveis por funções como planejamento, reflexão e memória de longo prazo. Conhecer a história e compreender um texto força o cérebro a conectar ideias e refletir sobre os temas levantados, fortalecendo os circuitos neurais associados à atenção e aprendizagem. Além disso, este esforço intelectual promove a criação de conexões sinápticas no hipocampo, o que melhora a nossa memória e a nossa capacidade de reter informações.
O Consumo de Redes Sociais: Uma Dependência de Estimulação Rápida
Por outro lado, o conteúdo das redes sociais é muito breve e estimulante para o nosso sentido de visão, que ativa áreas do cérebro como o núcleo accumbens, relacionado à gratificação imediata. Este tipo de processamento rápido e fragmentado enfraquece a nossa capacidade de concentração e a nossa capacidade de memorizar. Como consequência, este consumo de redes sociais produz uma dependência do tipo de estimulação rápida e superficial, em vez de uma aprendizagem profunda.
A Dosagem de Dopamina: Um Comparativo
Quando analisamos nosso sistema neurotransmissor, sabemos que a dopamina é o neurotransmissor que o cérebro libera em resposta a uma experiência prazerosa. Se considerarmos a dopamina, sabemos que ela é liberada de forma gradual e contínua ao avançar na narrativa de um livro, promovendo uma recompensa que é vivenciada no longo prazo. Essa gratificação ajuda a desenvolver a capacidade de autocontrole e a adiar o prazer imediato, habilidades essenciais na regulação emocional e na tomada de decisões conscientes. Em contraste, as redes sociais são projetadas para oferecer recompensas instantâneas. Cada ‘curtida’ gera um pico rápido de dopamina no núcleo accumbens, criando um ciclo de gratificação imediata.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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