Teixeira da Costa completa 90 anos, marcando um ano em que o prêmio Nobel de economia foi concedido a estudiosos da importância das instituições para a prosperidade dos países, e este foco com mercados de capitais, legislação federal, atribuição de poder regulatório, e supervisão bancária é emblemático para ele.
O mercado financeiro brasileiro passou por diversos altos e baixos ao longo dos anos, com a criação da Comissão de Valores Mobiliários, órgão responsável por regular as atividades realizadas no mercado de valores e mercado mobiliário, sendo um marco importante na história do Brasil. Nesse contexto, o economista Roberto Teixeira da Costa, figura emblemática do setor financeiro, completa 90 anos.
Em um mercado financeiro tão fluido e em constante evolução, a atuação de pessoas como Roberto Teixeira da Costa foi fundamental para a estabilidade e credibilidade do mercado financeiro brasileiro. Além disso, o prêmio Nobel de economia foi concedido a três estudiosos da importância das instituições para a prosperidade dos países, o que realça a importância da atuação de figuras como Roberto Teixeira da Costa no mercado de investimento e no desenvolvimento da economia nacional.
Uma Nova Era para o Mercado
Em maio de 1977, Roberto foi nomeado presidente da CVM, apenas alguns meses após a sua criação em dezembro de 1976. Escolhido pelo Ministro da Fazenda, Mario Henrique Simonsen, ele formou o primeiro Colegiado da casa – ao lado, dentre outros, de Jorge Hilário Gouvea Vieira, que viria a ser o segundo presidente. A cultura da CVM foi moldada durante aqueles tempos. A estrutura de pessoal foi delineada à semelhança das empresas privadas, com um executivo principal (o Superintendente Geral) liderando os superintendentes responsáveis por conduzir cada uma das áreas.
Um movimento inesperado foi a decisão de Roberto de não contratar os antigos empregados do Banco Central, que supervisionara o mercado de capitais de 1965 a 1977. A escolha não tinha nada de pessoal. Roberto sabia que as causas da crise que destruíra as bolsas brasileiras em 1971 – incluindo as principais, do Rio e de São Paulo – iam além de omissões na legislação. Não bastava confiar nas novas leis editadas em 1976 – a Lei das Sociedades Anônimas e a Lei 6.385, que criou a CVM, até porque boa parte desta última reproduzia a Lei do Mercado de Capitais (a Lei 4.728), editada 11 anos antes.
De fato, de pouco serve uma boa lei se ela não for aplicada efetivamente, por uma instituição que entenda a importância de fazê-lo, e de fazê-lo corretamente. E o Banco Central havia sido um regulador omisso do mercado de valores, não por culpa sua, mas sim do erro cultural de atribuir-lhe essa função. Poucas coisas são tão diferentes, na sua essência, quanto o mandato principal de um supervisor da atividade bancária e o mandato principal de um regulador do mercado financeiro. O regulador bancário tem que tentar evitar que bancos quebrem, não apenas para impedir perdas para os depositantes de um banco, mas também para evitar uma corrida bancária e uma sucessão de quebras.
Apesar de seu poder e importância, bancos são instituições sensíveis. Sua principal atividade é receber nosso dinheiro obrigando-se a devolvê-lo, e muitas vezes a remunerá-lo. Só que os bancos emprestam nosso dinheiro a outras pessoas, cobram mais do que nos pagam, e ficam com a diferença – o famoso spread bancário. Sua saúde depende de conseguir receber, e receber a tempo de nos pagar. Por isso é da natureza de um regulador bancário supervisionar a gestão privada, tratar qualquer problema com todo o sigilo, e atuar silenciosamente para resolver a situação, obtendo a substituição de ativos de má qualidade ou emprestando recursos ao banco que tenha dificuldades de liquidez, por exemplo.
Já a estrela dos mercados mobiliários é a publicidade das informações sobre os seus participantes – especialmente companhias abertas e fundos de investimento. Quem investe em empresas e fundos quer saber o mais rápido possível se surgir uma boa ou uma má notícia, para poder negociar por um preço compatível com a real situação do tomador do investimento. Por isso mesmo, o principal mandato do regulador do mercado de investimento é trabalhar para que a informação não apenas seja de boa qualidade, mas se torne pública.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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