Em São Paulo, 60 clínicas oferecem câmaras de bronzeamento, com jato de bronzeamento e autobronzeador, mesmo contra recomendações médicas sobre câncer de pele.
O bronzeamento artificial, apesar de proibido em todo o país desde 2009, ainda é uma prática recorrente em clínicas de estética. Em São Paulo, pelo menos 60 clínicas oferecem o serviço, desafiando as recomendações da Anvisa. As pessoas buscam o tão desejado tom de pele e a marquinha de biquíni, ignorando os riscos para a saúde.
A prática do bronzeamento fake é feita através de câmaras de bronzeamento que emitem radiação ultravioleta (UV). No entanto, estudos associam essa prática ao aumento do risco de câncer de pele, especialmente para aqueles que começam antes dos 35 anos. É importante conscientizar sobre os perigos do bronzeamento por radiação ultravioleta para evitar danos à saúde.
O cenário do bronzeamento artificial no estado de São Paulo
No estado de São Paulo, porém, uma decisão da Justiça permite que empresas de estética façam o bronzeamento artificial. A Anvisa diz que recorreu da determinação e aguarda julgamento.
Empresas de estética e o bronzeamento artificial em São Paulo
Enquanto isso, empresas na capital negam qualquer relação do bronze artificial com o câncer de pele e usufruem da divulgação de influenciadores.
Os diferentes tipos de câmaras de bronzeamento
‘Nossos equipamentos são luzes UVA, não são radiações, nem jato’, afirma a atendente de uma empresa de bronzeamento na Mooca, na zona leste da capital paulista, para dizer que o procedimento é seguro. As luzes UVA são radiação.
Em outro estabelecimento, no bairro de Perdizes, na zona oeste, a atendente afirma que a câmara filtra tanto as luzes UVB quanto as luzes UVA. ‘Fica tranquila’, diz ao ser questionada sobre o risco de câncer de pele.
Os riscos associados ao bronzeamento artificial e as câmaras de bronzeamento
A radiação usada pela câmara, em tese, filtra a luz UVB (raios ultravioleta B, que queimam a pele e são mais presentes no sol das 12 horas) e usa a UVA (raios ultravioleta A, que causam câncer de pele e envelhecimento precoce).
Uma clínica, com filiais em Tatuapé (zona leste), Perdizes, Ibirapuera (zona sul) e na avenida Paulista (região central), gaba-se de ter atendido ‘com maestria o desejo de clientes exigentes’, como a influenciadora digital e advogada criminalista Deolane Bezerra, a cantora MC Mirella e a ex-BBB Jaqueline Grohalski.
Entendendo os riscos do bronzeamento artificial
Na filial da Paulista, duas câmaras de bronze fazem o trabalho. As duas têm ‘luz do sol da manhã’, diz, recomendada pelos dermatologistas para o bronze -até as 10 horas.
Sem perigo, afirma, apenas é necessário saber o fototipo de pele, medido antes com uma máquina semelhante aos termômetros digitais que aferem a temperatura pelo pulso. Com isso, é possível dizer o tempo que sua pele suporta na máquina. As durações vão de 20 a 40 minutos.
Os perigos em potencial do bronzeamento artificial em câmaras de radiação
‘Mesmo que você se proteja do UVB, o UVA continua agindo na sua pele. Não vai queimar, vai te envelhecer e causar câncer’, afirma a diretora do SBD em São Paulo, Flavia Ravelli.
Apesar das promessas de uma radiação semelhante ao sol da manhã, os dermatologistas explicam que o risco de câncer é maior do que o de um bronze na praia.
A visão médica sobre a bronzeamento artificial e os riscos para a pele
‘O perigo é que as câmaras de bronzeamento utilizam altas doses de radiação ultravioleta para estimular a pigmentação da pele’, diz Marcelo Sato Sano, dermatologista e oncologista cirúrgico da Beneficência Portuguesa.
Os médicos conhecem o procedimento das câmaras porque usam uma tecnologia semelhante na fototerapia. A prática é regulamentada e foi desenvolvida para tratar condições de pele, como psoríase e vitiligo, que respondem à radiação.
Alternativas seguras ao bronzeamento artificial
‘As pessoas pegaram essa tecnologia e popularizaram. Começaram a ver que quem estava bronzeado tinha aspecto saudável’, afirma Cauê Cedar, médico da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
A diferença entre os procedimentos é que o tratamento médico tem benefícios e é controlado por especialistas, dizem os dermatologistas. Os períodos de tempo na máquina crescem progressivamente e dificilmente passam de 20 minutos.
O alerta dos médicos sobre os riscos e cuidados com o bronzeamento artificial
‘Existe dia para começar e dia para terminar, porque a gente sabe que mesmo sendo para tratar uma doença, pode causar câncer no futuro’, afirma a diretora do SBD em São Paulo.
Segundo a médica, a sociedade de dermatologistas já denunciou à Anvisa diversos estabelecimentos irregulares de bronzeamento artificial neste ano. ‘O que tem chamado nossa atenção são alguns casos de queimadura nessas câmaras de bronzeamento -como são proibidas pela Anvisa, a gente não tem regulamentação’, diz.
Termos legais e custos associados ao bronzeamento artificial
Em um centro estético na Bela Vista, na região central de São Paulo, um termo de ciência pede que o cliente procure um dermatologista em caso de machucados e manchas na pele após o bronze. Lá, depois do primeiro ciclo de bronze, que leva ao menos três sessões com intervalo de no máximo 48 horas, é possível ficar até 60 minutos na máquina.
Em outro, na zona leste, três sessões de 50 minutos custam R$ 275. No portal, eles afirmam que têm ‘o selo Anvisa’, mesmo que a Anvisa não regule procedimentos.
Melhores práticas e alternativas saudáveis ao bronzeamento artificial
No entanto, na falta de praia ou piscina para se bronzear antes das 10 horas ou depois das 16 horas, é possível recorrer ao jato de bronzeamento ou ao autobronzeador, dizem os especialistas.
O jato de bronzeamento usa um pigmento pressurizado que ‘pinta’ a pessoa do pescoço aos pés com a cor desejada. O maior risco, diz Cedar, é o pigmento causar algum tipo de alergia ou atingir uma área de mucosa.
O autobronzeador é um produto que pode ser indicado por um dermatologista e aplicado em casa. Depois de um tempo, a tonalidade de pele mais dourada e vistosa fica evidente.
No caso do bronzeamento na câmara de radiação, os médicos orientam a procurar um dermatologista se for percebida alguma alteração após o procedimento -como mancha, alguma pinta que mudou de padrão e queimadura.
Fonte: © R7 Rádio e Televisão Record S.A
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