Gestores se perguntam se Gabriel Galípolo conseguirá driblar pressões do governo, que insiste em crescimento, e manter regime de investimentos.
A situação econômica brasileira está vivenciando um momento de grande instabilidade, com a inflação tendo alcançado um patamar preocupante, desafiando o Banco Central a tomar medidas eficazes para controlar a economia. A questão se torna: o Banco Central estará disposto a manter as rédeas firmes e seguir o caminho tradicional da política monetária para conter a inflação.
Diante da inflação alta, o Banco Central enfrenta pressões para implementar políticas monetárias mais rigorosas, a fim de equilibrar as ferramentas macroeconômicas e prover soluções eficazes para a economia brasileira. Em tal cenário, a ação do Banco Central, em conjunto com outras instituições financeiras, será crucial para a economia brasileira. A estabilidade econômica depende do equilíbrio entre inflação e crescimento, que é fator crucial para a economia.
O Novo Desafio Econômico
Na transição de Gabriel Galípolo para o comando do Banco Central (BC), a principal preocupação é a capacidade do novo presidente em equilibrar as pressões do governo, que defende o crescimento econômico a qualquer custo, de acordo com gestores de recursos. Os participantes do fórum de investimentos da UBS, promovido ontem, concordam que a sucessão presidencial em 2026 é um tema que já está presente nas discussões.
‘A grande questão que todos se fazem é se o BC estará disposto a aplicar os freios à economia brasileira, quando o crescimento ultrapassa a capacidade da demanda. Como sabe todo mundo, o discurso do presidente Lula é ‘não abrir mão do crescimento’, criando assim uma dicotomia entre os que colocam os óculos do ciclo político e os que colocam os óculos do ciclo econômico ‘, afirmou Bruno Coutinho, sócio-gestor da Mar Asset. ‘Se o BC não tomar a decisão necessária, ficará na contramão do fiscal e criar-se-á uma não apenas uma dominância fiscal, mas política’.
O governo Lula, segundo Coutinho, já ultrapassou o Rubicão com a proposta de emenda constitucional (PEC) das transição, que despejou grande quantidade de dinheiro na economia e explica por que é tão difícil fechar o buraco das contas públicas e por que o Brasil está engravidando de inflação. >’A inflação é o grande problema. Uma hora, esse excesso de atividade ia bater na inflação. Apesar do protagonismo fiscal, o grande problema é a inflação’, afirmou.
O gestor também enfatizou a falta de credibilidade da política econômica, tanto fiscal quanto monetária, que resulta na economia não entregando o que promete entregar. Para ele, o Banco Central está muito ‘atrás da curva’ e deveria ter aumentado a Selic em julho. A medida que a desancoragem das expectativas de inflação aumenta, fica muito difícil ‘consertar, é muito penoso. O modelo do BC aponta uma inflação de 3,6% para 2025, ‘totalmente fora da realidade’. A Legacy prevê um IPCA de 5,5%.’A convicção que a gente tem é que o BC vai ter que subir os juros se não quiser ver a coisa pior e evoluir para um regime de desorganização’. Para ele, a Selic tende a ficar alta até o desfecho das eleições de 2026.
A resolução dessa história, enfatizou Coutinho, vem com um novo ciclo político. Ele disse estar razoavelmente otimista com uma candidatura de centro-direita, com eventual vitória do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Podemos). O mercado deve trazer isso para o preço, mas precisamos atravessar até lá. Para ele, o resultado das eleições municipais, com votação mais pró-direita e com grande peso dos evangélicos, já foi um elemento importante para a percepção do presidente Lula. A questão é que o resultado econômico aparentemente positivo até aqui não tem se refletido em ganhos de popularidade.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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