Música sobre Kim enfeitiçou TikTok, mas especialistas suspeitam de algo mais complexo: máquina soviética, povo do Estado comunista, rico conjunto de sequências orquestrais, mentes, educação de classe, teoria da semente, penetrar, era. (137 caracteres)
Quando o líder da Coreia do Norte divulgou a mais nova propaganda musical de seu governo, há quinze dias, nem mesmo ele imaginaria que se tornaria um hit no TikTok. Friendly Father (Pai Amigável ou Paizinho) viralizou na plataforma, com jovens da Geração Z dançando ao som da música eletrônica.
A junção de elementos visuais e a pegajosa melodia de Friendly Father mostram o poder da propaganda musical em alcançar diferentes audiências. A combinação de música e de propaganda se revelou eficaz, gerando uma reação inesperada e viral na internet. A influência cultural da música de propaganda é impressionante, capturando a atenção e o entusiasmo de milhões de pessoas ao redor do mundo, de formas inesperadas.
Explorando as Raízes da Propaganda Musical
A maioria desses usuários ignora o significado da letra, que elogia um homem que ameaçou ‘aniquilar completamente’ os Estados Unidos, violou as sanções da ONU e lançou múltiplos mísseis balísticos. ‘Vamos cantar Kim Jong-Un, o grande líder/ Vamos nos orgulhar de Kim Jong-Un, nosso pai amigável’, diz a música.
A Revelação por Trás da Melodia
Taylor Swift não esperava ser surpreendida logo após lançar seu novo álbum; ‘Essa música precisa de um Grammy’, ‘É tão distópica da maneira mais cativante’ – esses são apenas alguns dos comentários delirantes nos vídeos a respeito no TikTok. Mas a ensolarada música pop esconde algo mais sinistro, dizem os especialistas. É o que vamos destrinchar a seguir.
Decifrando os Segredos da Propaganda Musical
Friendly Father é apenas a mais recente de uma série de canções de propaganda produzidas pela máquina pop do Estado comunista nos últimos 50 anos. É enérgica, rápida e perigosamente cativante. Sua batida e gancho não diferem muito dos sucessos pop feitos no Ocidente, embora carregue uma certa qualidade de produção típica da era soviética.
Os Ingredientes da Atração Musical
‘Nesse caso, a música tem grande influência de Abba. É otimista, não poderia ser mais cativante e um rico conjunto de sequências com sonoridade orquestral não poderia ser mais proeminente’, diz Peter Moody, estudioso sobre a Coreia do Norte na Universidade da Coreia.
Mas, ao se produzir um hit na Coreia do Norte é preciso pensar em mais do que questões comerciais – e buscar formas de penetrar mentes, diz Alexandra Leonzini, acadêmica da Universidade de Cambridge que investiga a história musical da Coreia do Norte. Não há espaço para frases abstratas ou timings excessivamente complicados.
O Poder da Educação Musical
As melodias devem ser simples e acessíveis – algo que as pessoas possam captar facilmente. A canção também precisa ser afinada em um alcance vocal onde todos possam cantá-la. Além disso, o país raramente produz faixas musicais que contenham emoção.
‘A ideia é que eles querem motivar a nação a lutar por um objetivo comum para o benefício da nação… eles não tendem a produzir músicas como baladas’, diz Leonzini. Na Coreia do Norte há tolerância zero para as artes ou a criatividade fora do controle estatal. É ilegal que músicos, pintores e escritores produzam obras simplesmente por amor à arte.
O Papel da Criação Artística na Educação
‘Toda a produção artística na Coreia do Norte deve servir à educação de classe dos cidadãos e, mais especificamente, educá-los sobre a razão pela qual devem ter um sentimento de gratidão, um sentimento de lealdade ao partido’, diz Leonzini. O governo da Coreia do Norte acredita na ‘teoria da semente’, acrescenta ela, em que cada obra de arte deve conter uma semente ideológica, uma mensagem que é depois disseminada em massa.
Os norte-coreanos acordam todas as manhãs com canções de propaganda tocadas nas praças da vila, segundo especialistas. As partituras e letras das músicas recém-lançadas são impressas em jornais e revistas; geralmente a população também precisa aprender danças para acompanhar o ritmo, diz Keith Howard, professor emérito de
n Música Asiática.
Fonte: © G1 – Tecnologia
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