Mural no centro de São Paulo destaca líder indígena vencedora do Prêmio Ambiental Goldman, alertando sobre incêndios florestais, enchentes e ciclone.
O artista de rua e ativista Mundano criou um mural gigante em São Paulo que chama a atenção para o problema do desmatamento no Brasil. O trabalho utiliza cinzas de incêndios florestais e lama de enchentes para criar uma obra de arte impactante que pede o fim da destruição das florestas. A mensagem é clara: é preciso agir agora para proteger o meio ambiente.
O mural, inaugurado na lateral de um prédio de 11 andares no centro de São Paulo, é uma adição colorida e incisiva à rica coleção de grafites da capital paulista. A obra de Mundano é um protesto contra a destruição e a devastação das florestas brasileiras, que têm sido vítimas da exploração desenfreada e da falta de políticas eficazes para protegê-las. O uso de cinzas de incêndios florestais e lama de enchentes no mural é um lembrete constante do que está em jogo se não mudarmos nossas ações. O futuro do planeta depende disso.
Desmatamento: A Devastação da Floresta Amazônica
A obra de arte de 48 metros por 30 metros, criada pelo artista Mundano, retrata tocos de árvores de uma floresta queimada e o rosto de uma mulher indígena segurando um cartaz em inglês que diz: ‘Stop the Destruction’ (Pare a destruição). O mural foi pintado com cores feitas com as cinzas de incêndios florestais no país, incluindo a Amazônia, onde grandes extensões de floresta tropical foram destruídas por incêndios recentes na pior seca já registrada. Além disso, Mundano usou lama proveniente de grandes enchentes no Rio Grande do Sul neste ano.
A mulher retratada no mural é a líder indígena Alessandra Korap Munduruku, que liderou uma campanha bem-sucedida para impedir que empresas multinacionais de mineração explorassem as terras ancestrais de seu povo na Amazônia, pela qual ela ganhou o Prêmio Ambiental Goldman em 2023. Mundano afirmou que seu mural pretende ser um protesto contra as empresas que têm avançado com a fronteira agrícola para a floresta amazônica com plantações de soja em larga escala e criação de gado para carne bovina.
Exploração e Desmatamento: A Cargill no Centro do Debate
O mural tem como alvo específico a empresa norte-americana de grãos Cargill, ao pintar temporariamente os nomes dos membros da família Cargill no mural. Mundano disse desejar que a família Cargill, proprietária da empresa, mantenha sua palavra de que removerá o desmatamento de sua cadeia de suprimentos. A Cargill disse em comunicado que se comprometeu a eliminar o desmatamento de sua cadeia de suprimentos das principais culturas no Brasil até 2025 e de sua cadeia de suprimentos de soja na América do Sul até 2030.
No entanto, Mundano afirmou que a Cargill acelerou seu compromisso de eliminar o desmatamento e a conversão de terras de suas cadeias de suprimentos diretas e indiretas de soja, milho, trigo e algodão no Brasil, Argentina e Uruguai até 2025. Além de cinzas e lama, Mundano usou argila de reservas indígenas que lutam para ter seus direitos à terra reconhecidos, muitas vezes em conflitos com fazendeiros. O mural também apresenta tinta feita de urucum, uma fruta tropical vermelha usada como pintura corporal pelos povos indígenas.
Uma Obra de Arte Contra a Destruição
‘Aqui, com todos os artistas, a gente vai criando essa paleta de cores, pigmentos naturais. E talvez esse seja o maior mural feito com pigmentos naturais’, disse Mundano enquanto misturava as tintas para a obra. ‘Os nomes que a gente está escrevendo aqui…são bilionários desse planeta, que estão vivendo ainda num modelo baseado na destruição do desmatamento de biomas de ecossistemas que vêm contribuindo para essa emergência climática que está acontecendo’, afirmou. O mural é uma obra de arte que busca chamar a atenção para a devastação da floresta amazônica e a necessidade de proteger o meio ambiente.
Fonte: @ Terra
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