Operação multifamily da MRV muda estratégia para reduzir dívida líquida, priorizando disciplina financeira e simplificação, com modelo de negócio de desinvestimento em operações que oferecem payback em até dois anos.
A Resia, um empreendimento líder de multifamília da MRV nos Estados Unidos, enfrentou desafios financeiros significativos, caracterizados por uma queima de caixa considerável e uma alavancagem desafiadora para o grupo de construção e incorporação da família Menin. Nesse contexto, a alavancagem se apresenta como um desafio crucial para a sustentabilidade financeira do negócio.
A decisão de colocar a Resia em modo de ‘hibernação’ nos próximos dois anos visa reverter essa situação financeira precária. Isso implica em uma redução significativa das despesas, sobretudo aquelas relacionadas às dívidas líquidas, que têm sido um peso considerável na estrutura financeira da empresa. Dessa forma, a alavancagem será reavaliada e ajustada, visando uma maior eficiência no uso de recursos financeiros. A partir de então, o negócio pode se recuperar e se posicionar de forma mais estável no mercado. A Resia entrará em um período de recuperação financeira. O objetivo é reduzir a dívida líquida e melhorar a alavancagem.
Transformação Estratégica: A MRV&Co Abre Caminho para Alavancagem Reduzida
A MRV&Co está preparada para uma metamorfose significativa, mudando o foco da alavancagem para uma abordagem mais conservadora. Rafael Menin, CEO da MRV&Co, explica que ‘a empresa será uma entidade simples, com um portfólio reduzido de projetos.’ A operação de multifamily nos Estados Unidos será redefinida, mantendo quatro terrenos para desenvolver até dois projetos por ano nos próximos dois anos, consumindo cerca de US$ 20 milhões. Esta mudança de estratégia é descrita por Nicola Calicchio, vice-chairman da MRV&Co, como uma ‘transição de direcionamento’, com o objetivo de recapitalizar a MRV através de um payback.
A alavancagem será reduzida, com a expectativa de geração de US$ 800 milhões em um prazo de até dois anos, o que significa uma redução aproximada de US$ 500 milhões na alavancagem. A dívida bruta de R$ 6,07 bilhões da MRV&Co, em 30 de setembro, deve encolher para R$ 3,48 bilhões no fim de 2026, com a venda de ativos, reduzindo a dívida líquida sobre o patrimônio líquido (PL) atual de 81% para 46%. Este ajuste não leva em conta a possível alta no PL da MRV ao longo do tempo.
O conselho da MRV vinha discutindo a melhor maneira de simplificar a companhia da forma mais rápida possível. Menin destaca que como controladores, eles não gostam de alavancagem e buscam uma estratégia mais conservadora. Leonardo Corrêa, CFO da Resia, será responsável por tocar o desinvestimento da operação.
A MRV já anunciou o primeiro desinvestimento da Resia em setembro, com a venda do empreendimento Old Cutler, localizado em Miami, pelo valor geral de venda (VGV) de US$ 118,5 milhões. O modelo de negócio da Resia depende de vendas para reciclar ativos e iniciar novas obras, mas a conjuntura macroeconômica fez com que a companhia passasse um tempo sem acessar o mercado.
Como destaca Calicchio, ‘nos Estados Unidos, é um ciclo longo de conversão de caixa.’ Analistas do Santander relataram uma reunião com Ricardo Paixão, CFO e RI da MRV, onde Paixão deixou claro que a Resia passaria por um forte processo de desalavancagem. A empresa espera desenvolver apenas 4-5 projetos em 2025-26 e reduzir despesas gerais e administrativas em cerca de 50% devido ao ritmo de desenvolvimento.
Fonte: @ NEO FEED
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