Ministros do governo federal repudiam o golpe militar de 31 de março de 1964 e defendem a democracia com coragem.
Ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestaram neste domingo (31) sobre os 60 anos do golpe militar, que deu início a uma ditadura de 21 anos no Brasil.
As declarações (veja abaixo), feitas em publicações nas redes sociais, contornam o silêncio estabelecido pelo presidente Lula a respeito da data.
Segundo o blog da Julia Duailibi no g1, no início do mês, Lula orientou que os ministérios não realizassem atos alusivos ao marco inicial do golpe de 31 de março de 1964.
.
Impactos atuais do golpe militar de 31 de março de 1964
Em entrevista no fim de fevereiro, o petista afirmou que o golpe era algo do ‘passado’ e que não ficaria ‘remoendo’ o assunto ‘sempre’. Lula ressaltou que a defesa da democracia é essencial nos dias atuais, apontando as graves consequências do autoritarismo e da repressão durante a ditadura militar. O então presidente João Goulart foi deposto durante o golpe, completando 60 anos neste domingo. A ditadura que se estendeu de 1964 a 1985 resultou em perseguições, torturas e assassinatos de opositores do regime, além de cerceamento das liberdades individuais, incluindo o direito ao voto e à liberdade de expressão. Durante os quatro anos da gestão Bolsonaro, entre 2019 e 2022, os textos divulgados pelo Ministério da Defesa enalteciam o golpe e a ditadura. Essas ações reacenderam o repúdio à ocorrência do golpe militar, demonstrando coragem e posicionamento contrário ao autoritarismo. A data, que deveria ser de comemoração, se torna um momento de reflexão e luto pelas vítimas do regime. A coragem de se posicionar contra a ditadura é essencial para manter viva a memória dos que sofreram e lutaram pela democracia. A esperança é de que os impactos desse período sombrio não sejam esquecidos, para que a história não se repita. A defesa da democracia é incontestável e deve prevalecer acima de qualquer tentativa de retorno ao autoritarismo. Portanto, é essencial nutrir o nojo da ditadura, mantendo viva a memória daqueles que sofreram e lutaram contra esse período terrível na história do Brasil.
‘Defesa da democracia’ e ‘nojo da ditadura’
Ao menos sete ministros de Lula publicaram neste domingo mensagens críticas ao regime. Entre eles, está Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação), lotado dentro do Palácio do Planalto. O ministro Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União (AGU), destacou ‘DEMOCRACIA SEMPRE!!! Minha homenagem nesta data é na pessoa de uma mulher que consagrou sua vida à defesa da Democracia, Dilma Rousseff. Que a Luz da Democracia prevaleça, SEMPRE. Essa é a causa que nos move.’ Além disso, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, que recentemente teve um evento barrado pelo Planalto, defendeu a democracia e completou: ‘É preciso ter ódio e nojo da ditadura, como disse Ulysses Guimarães.’ A coragem e a defesa da democracia são essenciais para evitar que episódios como o golpe militar de 31 de março de 1964 voltem a acontecer. O ato cancelado pelo Ministério dos Direitos Humanos, em memória das vítimas do regime, e a decisão das Forças Armadas de deixar de publicar mensagem comemorativa do golpe militar, por decisão de Lula e do ministro da Defesa, José Múcio, demonstram um posicionamento contrário ao autoritarismo e uma busca pela reconciliação com os horrores do passado. A defesa da democracia é um movimento corajoso que conta com a resistência de figuras atuantes na política atual.
Ecos da coragem: manifestações dos ministros nas redes sociais
– Cida Gonçalves (Mulheres): ‘Neste 31 de março de 2024 faço minha homenagem a todas as pessoas presas, torturadas ou que tiveram seus filhos desaparecidos e mortos na ditadura militar. Que o golpe instalado há exatos 60 anos nunca mais volte a acontecer e não seja jamais esquecido
– Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário): ‘Minha homenagem a todos que perderam a vida e a liberdade, em razão da ruptura da democracia no dia 31 de março de 1964, que levou o país a um período de trevas. Minha homenagem a Rubens Paiva, Wladimir Herzog e Manoel Fiel Filho, que lutaram pela democracia no Brasil.’
– Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação): ‘Ditadura Nunca Mais !! A esperança e a coragem derrotaram o ódio, a intolerância e o autoritarismo. Defender a democracia é um desafio que se renova todos os dias.’
– Sonia Guajajara (Povos Indígenas): ‘Sabemos que a luta sempre foi uma constante para os povos indígenas, mas há 60 anos o golpe dava início a um dos períodos mais duros do nosso país. A ditadura promoveu um genocídio dos nossos povos e também de nossa cultura. Milhares de indígenas foram assassinados e muitos mitos construídos entre militares para justificar um extermínio – muitos discursos perversos que até hoje são utilizados para tentar refutar nosso direito constitucional ao território. Precisamos refletir sobre um processo de reparação do Estado também em relação ao que aconteceu contra os nossos povos neste período.
Jorge Messias (AGU): ‘DEMOCRACIA SEMPRE!!! Minha homenagem nesta data é na pessoa de uma mulher que consagrou sua vida à defesa da Democracia, Dilma Rousseff. Que a Luz da Democracia prevaleça, SEMPRE. Essa é a causa que nos move.’
– Camilo Santana (Educação): ‘Lembramos e repudiamos a ditadura militar, para que ela nunca mais se repita. A mancha deixada por toda dor causada jamais se apagará. Viva a democracia, que tem para nós um valor inestimável.’
– Silvio Almeida (Direitos Humanos): ‘Por que ditadura nunca mais? Porque queremos um país social e economicamente desenvolvido, e não um ‘Brasil interrompido’. Outras razões incluem um país soberano, institucional e culturalmente democrático. É necessário ter ódio e nojo da ditadura, como disse Ulisses Guimarães.’
Fonte: G1 – Política
Comentários sobre este artigo