Vítimas de milícia pedem ao Sindicato dos Camelôs Independentes de São Paulo controle sobre controle territorial, acesso a linhas de crédito e rompimento do ciclo vicioso do comércio de vestuário.
A milícia armada no Brás, um bairro no Centro de São Paulo, tomou o controle das ruas, dividindo o local em áreas de influência, e passou a exigir propina de ambulantes e comerciantes que operavam na região, ameaçando e agredindo quem não concordasse em pagar.
As milícias não limitaram suas extorsões apenas a ambulantes e comerciantes, e também passaram a controlar o comércio de vestuário, uma atividade econômica tradicional na região, exigindo propina de quem vendia roupas para os fregueses, ameaçando e agredindo quem não concordasse em pagar. Além disso, essas milícias passaram a cobrar propina de todos os estabelecimentos comerciais da região, passando a ser um problema sério para os moradores e comerciantes do bairro.
Desvendando a Realidade da Milícia nas Ruas do Brasil
A Milícia, um termo que evoca medo e desespero, está muito presente nas ruas do Brasil, especialmente na região do Brás, em São Paulo. A participação de policiais militares nesse grupo criminoso é um aspecto sombrio que vem à tona com a denúncia oferecida pelo Ministério Público de São Paulo, resultado da Operação Aurora. A investigação revela detalhes chocantes sobre como a Milícia operava, mantendo um controle territorial rígido e exercendo extorsões sobre comerciantes, muitas vezes com a colaboração de policiais militares.
Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público denunciaram 16 pessoas à Justiça por crimes como constituição de Milícia privada, extorsão e lavagem de dinheiro. Essa lista inclui policiais militares, alguns em exercício e outros reformados, um escrivão da Polícia Civil e até um agiota. A investigação foi desencadeada após um grupo de dez vítimas pedir ajuda do Sindicato dos Camelôs Independentes de São Paulo para denunciar as extorsões na rua Henrique Dias, uma das ruas da Feira da Madrugada.
Os comerciantes, muitos deles imigrantes de países de baixa renda, eram forçados a pagar uma taxa semanal para a Milícia, sob a ameaça de morte, agressão e remoção dos seus pontos de venda. Testemunhas relataram que os comerciantes que se recusavam a pagar eram ameaçados e, em alguns casos, agredidos. A investigação, conduzida pelo Gaeco, envolveu semanas de monitoramento à paisana no Brás, com equipes equipadas com câmeras espia para coletar provas.
A denúncia detalha como a Milícia exercia controle territorial, dividindo as ruas entre os membros e impondo regras rígidas sobre a fixação de pontos de energia elétrica, iluminação e tamanho das barracas dos comerciantes. A região do Brás é conhecida por sua alta informalidade, e o Ministério Público afirma que os comerciantes, sem acesso a linhas de crédito, eram forçados a contratar agiotas a juros abusivos para pagar os milicianos e, em alguns casos, os próprios policiais que faziam parte do esquema.
A situação é descrita como um ciclo vicioso, com a Milícia oferecendo empréstimos aos comerciantes para pagar os valores da extorsão, somente agravando a situação das vítimas. ‘Aproveitando-se da especial vulnerabilidade das vítimas, comerciantes informais, em sua maioria de origem de países de baixa renda, sem acesso a crédito formal, parte dos integrantes da Milícia passaram atuar também no mercado da agiotagem, oferecendo empréstimos aos vitimados para que pudessem pagar pelos valores da extorsão, em um ciclo vicioso que somente dragava recursos das vítimas e as aprisionava cada vez mais aos denunciados’, afirma o Ministério Público.
A denúncia detalha os nomes de 16 pessoas envolvidas no esquema, incluindo policiais militares, policiais civis e agiotas. Os nomes são:
* Michele Dantas da Costa Batista;
* Luzia Constantino Stefani;
* Viviane Leticia Felix Trevisan;
* Maurício Oliveira de Souza;
* William Perdomo Zanabria Pichamba;
* Peterson Ribeiro Batista;
* Kelen Fernanda Cardoso;
* Fernando Bondade de Oliveira;
* Ronei Rodrigues da Cruz;
* Luciano Santos da Silva;
* Francisco José da Silva Neto;
* Miriam Esther Hernandez Rodriguez;
* Paloma Joana Bueno;
* João Paulo Schmid;
* Antônio Marcos Alves de Oliveira.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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