Uso de cannabis de alta potência com THC acima de 10% aumenta quatro vezes a chance de desenvolver transtorno psicótico, possivelmente devido à metilação de processos moleculares no DNA.
Os efeitos da maconha de alta potência nas doenças neurológicas ainda são pouco estudados. No entanto, pesquisas recentes sugestam que ela pode desencadear psicose em pessoas com vulnerabilidade. Isso é um problema grave, pois a psicose pode levar a graves consequências, incluindo a perda da capacidade de realizar atividades diárias.
Mais de 20 milhões de pessoas no mundo sofrem de doenças neurológicas, incluindo a esquizofrenia, que é uma doença mental grave. É provável que a cannabis, também conhecida como maconha, tenha um papel na sua ocorrência. Alguns estudos sugerem que o uso de maconha possa aumentar o risco de desenvolver esquizofrenia, especialmente em adolescentes e jovens adultos. Isso é um problema grave, pois a esquizofrenia pode levar a uma perda da capacidade de realizar atividades diárias. Alguns sintomas podem incluir pensamentos distorcidos, perda de contato com a realidade e aumento da ansiedade. A ricerca de tratamentos mais eficazes para doenças neurológicas, como a esquizofrenia, pode ser influenciada pela compreensão dos efeitos da maconha.
Descobrindo o Impacto da Cannabis de Alta Potência no DNA
Nossa pesquisa publicada na revista Molecular Psychiatry revela que o uso de cannabis de alta potência deixa uma marca distinta no DNA, afetando processos moleculares críticos, como a metilação do DNA. Essas alterações são distintas em indivíduos que experimentaram seu primeiro episódio de psicose em comparação com usuários que nunca tiveram psicose, sugerindo que observar como o uso de cannabis modifica a molécula pode ser uma ferramenta valiosa para identificar pessoas com maior risco de desenvolver transtornos psicóticos.
A concentração de THC, o principal ingrediente responsável pela euforia, tem aumentado significativamente desde a década de 1990 no Reino Unido e nos Estados Unidos. No Colorado, onde a cannabis é legal, é possível encontrar produtos com 90% de THC, um dos mais de 144 compostos químicos presentes na planta. A busca por maior potência leva a efeitos mais intensos, como o aumento de cinco vezes a probabilidade de desenvolver um transtorno psicótico em usuários que fumam cannabis de alta potência diariamente.
A associação entre o uso diário de cannabis de alta potência e o desenvolvimento de transtornos psicóticos pode manifestar-se por meio de sintomas alarmantes, como alucinações auditivas, delírios de perseguição e paranoia. Essas experiências são angustiantes e incapacitantes, afetando profundamente a qualidade de vida das pessoas.
Nossa pesquisa buscou explorar a marca que o uso atual de cannabis deixa no DNA, além de entender se essa marca é específica do uso da planta de alta potência e se isso pode ajudar a identificar os usuários com maior risco de sofrer transtornos mentais. Para isso, examinamos os efeitos do consumo de maconha em um processo molecular chamado metilação do DNA, que regula a atividade gênica ativando ou desativando genes sem alterar a estrutura do DNA. Essa é apenas uma das muitas formas de regulamentação da atividade gênica, fazendo parte do importante desenvolvimento biológico conhecido como epigenética, que sustenta a interação entre o ambiente, as escolhas de estilo de vida e a saúde física e mental.
Embora estudos anteriores tenham investigado o impacto do uso de cannabis ao longo da vida sobre a metilação do DNA, eles não exploraram o efeito que o consumo regular de diferentes potências do ‘baseado’ tem sobre esse processo, tampouco como isso afeta as pessoas que sofrem de psicose. Nosso levantamento combinou dados de dois grandes estudos, oferecendo insights valiosos sobre como o uso de cannabis de alta potência afeta a metilação do DNA e como isso pode ser usado para identificar indivíduos com maior risco de desenvolver transtornos psicóticos.
Fonte: @ Veja Abril
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