Michel Barnier tenta aprovar Orçamento sem passar pela Assembleia Nacional, o que fará seu governo cair e ampliará déficit, dívida pública e crise fiscal.
A França está em meio a uma crise política, com o primeiro-ministro Michel Barnier utilizando um artigo da Constituição para aprovar o Orçamento do ano seguinte sem a necessidade de aprovação dos fiscais da Assembleia Nacional.
O impasse econômico está resultando em um cenário de instabilidade, e os fiscais da Assembleia Nacional estão pressionando o governo para uma solução imediata. A aprovação do Orçamento é essencial para o país, e a falta de acordo entre os fiscais e o governo está causando incerteza entre o povo francês. Com o próximo ano sendo um desafio, os fiscais estão determinados a garantir que o Orçamento seja aprovado para garantir a estabilidade econômica do país.
Desafios Fiscais: Barnier e a Crise Fiscal Francesa
O ministro das Finanças da França, Barnier, decidiu correr o risco de ser alvo de uma moção de censura e perder seu cargo – o que, com toda a certeza, acontecerá na próxima quarta-feira, 4 de dezembro – porque sabia que sua proposta de Orçamento para 2025, com € 60 bilhões em cortes de despesas e aumento de impostos para reduzir o déficit, tinha poucas chances de ser aprovada em meio à crise fiscal francesa. Liderando um governo recém-instalado há apenas dois meses, sem maioria parlamentar, Barnier recorreu a uma manobra radical para forçar a Assembleia Nacional a buscar uma solução de consenso para a crise fiscal.
Com o partido de extrema-direita Reunião Nacional, comandado por Marine Le Pen, em alerta para tentar derrubar Barnier, a França mergulha num cenário preocupante, lembrando a crise política, econômica e financeira vivida pela Grécia na década passada. O mercado financeiro, antecipando o fracasso de Barnier, reagiu com força, uma vez que o euro recuou 0,9% ante a cotação do dólar, enquanto o índice CAC 40 caiu 0,5%, com desempenho inferior a outros mercados da zona do euro. Além disso, os títulos do Tesouro francês de dez anos subiram para 2,89%.
A França enfrenta piores dificuldades fiscais do que Grécia, Espanha e Itália, com um déficit do Orçamento que saltou para 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, muito longe do limite de gastos do governo estabelecido pela União Europeia, de 3% do PIB. A dívida pública explodiu para € 3,2 trilhões, ou mais de 112% do PIB do país, levando a uma conta de pelo menos € 60 bilhões por ano apenas em juros da dívida, maior do que o orçamento de Defesa da França para 2024.
Antes de invocar o artigo 49.3 da Constituição para aprovar sem votação o Orçamento, Barnier tentou atrair apoio do partido de Le Pen com uma série de concessões. No entanto, Le Pen deixou claro que esses movimentos eram insuficientes e reiterou sua demanda pela indexação total das pensões à inflação, algo que só aumentaria o déficit do Orçamento. ‘O governo provavelmente enfrentará vários votos de confiança entre 4 e 20 de dezembro’, escreveu Alexandre Stott, economista do Goldman Sachs, em uma nota de fim de semana.
Ele alertou ainda que as perspectivas fiscais de médio prazo da França continuam ‘desafiadoras’, com uma correção significativa de curso improvável até as próximas eleições presidenciais em 2027. O Goldman Sachs rebaixou sua previsão de crescimento do PIB para a França em 2025 para 0,7%, abaixo do consenso de 0,9% e muito abaixo da projeção do governo de 1,1%. O aumento do desemprego, que agora está em 7,4%, também causa preocupação.
Na semana passada, a porta-voz do governo francês, Maud Bregeon, disse que a França estava enfrentando um possível ‘cenário grego’, uma referência ao tumulto financeiro que tomou conta da Grécia. A situação política, economicamente desafiadora, torna-se mais complicada com a perspectiva de um longo impasse político, o que poderia levar a um ‘cenário grego’ francês, com todas as implicações na estabilidade política e econômica do país.
Fonte: @ NEO FEED
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