María Corina Machado impedida de concorrer às eleições venezuelanas. Lula denuncia abusos de Maduro em entrevista.
María Corina Machado, líder da oposição venezuelana ao governo de Nicolás Maduro, fez duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela afirmou que Lula ‘valida’ abusos de Maduro e questionou uma fala dele sobre não ter ficado ‘chorando’ ao ser removido das eleições de 2018.
A declaração de Lula sobre as eleições que vão ocorrer no fim de julho na Venezuela gerou polêmica. Além disso, ele também se envolveu em uma controvérsia ao afirmar que María Corina Machado deu as declarações pelo fato de ela ser mulher.
‘Chorando’ ou lutando por justiça?
Eu emocionada, presidente Lula? Você está dizendo isso porque sou mulher? Você não me conhece. Luto para fazer valer o direito de milhões de venezuelanos que votaram em mim nas primárias e dos milhões que têm o direito de fazê-lo numa eleição presidencial livre em que derrotarei Maduro’, escreveu Corina em uma rede social.
‘Você está validando os abusos de um autocrata que viola a Constituição e o Acordo de Barbados que afirma apoiar. A única verdade é que Maduro tem medo de me confrontar porque sabe que o povo venezuelano está hoje na rua comigo’, continuou a política venezuelana.
‘Lula’: críticas à situação política na Venezuela
O presidente Lula foi questionado esta quarta-feira sobre se acreditava que as eleições marcadas no país vizinho serão ‘justas’ e disse que em 2018 não ficou ‘chorando’ ao ser impedido de disputar eleições
‘Eu fui impedido de concorrer nas eleições de 2018. Em vez de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato, e ele disputou as eleições’, disse Lula.
Questionado sobre a lisura da votação, Lula disse que, se a oposição no país se comportar de forma similar à brasileira, ‘nada vale’.
‘Se o candidato da oposição tiver o mesmo comportamento do nosso aqui, sabe, nada vale’, afirmou Lula no Palácio do Planalto, antes de receber o presidente do Governo da Espanha, Pedro Sánchez.
Lula fala sobre as eleições na Venezuela
A data escolhida para as eleições na Venezuela coincide com o aniversário de Hugo Chávez, ex-presidente do país que ficou no poder de 1999 até sua morte, em 2013. Tradicionalmente, as eleições no país acontecem em dezembro. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão controlado pelo governo, foi responsável por escolher a data.
O atual presidente venezuelano, Nicolás Maduro, herdeiro político do chavismo e que está no poder desde a morte de Chávez, deve concorrer à reeleição.
María Corina Machado e os abusos de Maduro
Em outubro do ano passado, o governo da Venezuela e a oposição chegaram a um acerto sobre as eleições e assinaram um documento chamado Acordo de Barbados, que estabelece diretrizes de como a votação deve ocorrer.
No entanto, em janeiro, meses depois da assinatura do Acordo de Barbados, o Supremo Tribunal de Justiça, alinhado ao governo de Maduro, inabilitou María Corina Machado, atualmente a principal política de oposição do país.
No início de fevereiro, foi a vez de a ativista Rocío San Miguel ser presa, considerada terrorista e traidora da pátria pelo governo Maduro. Segundo a ONG Provea, só neste ano, 36 conhecidos opositores ao governo venezuelano foram presos.
No mês passado, o governo Maduro também suspendeu as atividades do escritório do comissário de Direitos Humanos da ONU e expulsou funcionários do país. Pesquisadores venezuelanos afirmam que o governo persegue adversários e que não há garantia de lisura nas eleições.
Fonte: G1 – Política
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