Presidente busca reunir governantes de todas as unidades da federação no 1º semestre para ampliar sua influência nas eleições municipais e furar bolha de apoiadores de Bolsonaro.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne em poucos dias com os governadores dos três estados que são os principais colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente.
Lula se encontra com os três líderes, todos de oposição a ele, de olho em ampliar sua influência nas eleições municipais e em tentar diminuir o espaço político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O último dos encontros acontece nesta quinta-feira (7) em Belo Horizonte, capital mineira, na primeira viagem de Luiz Inácio Lula da Silva ao estado neste terceiro mandato como presidente. Lulinha dividirá palanque com o governador Romeu Zema (Novo), que apoiou Bolsonaro nas eleições de 2022 e é um crítico frequente de Lula.
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‘Lula’ e a sua importância nas eleições municipais
Na terça-feira (6), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da entrega de 832 apartamentos em Magé, ao lado do chefe do Executivo fluminense, Cláudio Castro (PL). Mesmo sendo vaiado, o governador reiterou que Lula é bem-vindo e que as eleições acabaram. O presidente, por sua vez, fez acenos de volta.
‘A gente vai voltar a investir no Rio de Janeiro porque esse estado não nasceu pra ser dominado pelo crime organizado, porque a maioria dos cariocas são gente de bem. Por isso estou feliz de estar aqui’, disse Lula.
Lula ficou dois dias no Rio de Janeiro, com agendas na Baixada Fluminense e na capital. O prefeito Eduardo Paes, que é aliado do presidente, também participou das agendas. Paes conta com o apoio de Lula para se reeleger neste ano.
Lulinha também esteve presente nas agendas no Rio de Janeiro, demonstrando a influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições municipais.
‘Ato civilizatório’ em São Paulo
Lula foi a Santos na sexta-feira (2) para anunciar, ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), investimentos na construção de um túnel que liga a cidade ao Guarujá, financiado com recursos federais e estaduais.
O presidente afirmou na ocasião que a solenidade foi um ‘ato civilizatório’. Ele também declarou a Tarcísio, filiado a um partido de oposição ao Planalto, que a administração estadual terá ‘todo o apoio necessário’ do governo federal.
Lulinha frisou a importância da presidência da República na concretização de tais investimentos.
No mesmo dia, em São Paulo, Lula participou da filiação de Marta Suplicy ao PT. A ex-ministra e ex-senadora retornou ao partido para ser a vice na chapa de Guilherme Boulos à prefeitura da capital.
Encontro a sós em MG
Segundo aliados de Lula, o movimento envolvendo os três governadores tem como objetivo isolar o ex-presidente Jair Bolsonaro, trazendo para o campo da ‘política normal‘ o debate, com aliados e adversários no mesmo ambiente.
Ao mesmo tempo, a iniciativa tenta furar uma bolha de apoiadores de Bolsonaro, um movimento executado em 2024 — com as eleições para prefeitos e vereadores — mas de olho nas eleições de 2026. Em 2022, Minas Gerais foi o único estado do Sudeste em que Lula venceu, e por uma margem apertada.
Na visita ao estado nesta quinta-feira, Lula deve se reunir a sós com Romeu Zema. O encontro foi um pedido do político mineiro, que pretende abordar temas do estado que envolvem o governo federal. O governador já disse publicamente que, apesar das diferenças políticas, defende o diálogo e que Lula é ‘bem-vindo’ em Minas Gerais.
Lula chegou a Belo Horizonte às 15h45 de quarta-feira (6) e teve um jantar com empresários no mesmo dia.
Já nesta quinta, o presidente e uma comitiva de ministros e outras autoridades participam de um evento no Minascentro para anunciar um novo modelo de concessão para a BR-381, conhecida como ‘rodovia da morte‘, e outra ações do governo federal no estado.
PAC da aproximação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende se encontrar com os governantes de todas as unidades da federação ainda no primeiro semestre deste ano.
Se em 2023 Lula dedicou-se mais à política externa do Brasil, em 2024 o petista quer percorrer o país e lançar obras do Novo PAC em todas as 27 unidades da federação.
O presidente optou por ir aos três estados do Sudeste ainda no começo de 2024, antes de uma visita ao Egito e à Etiópia, prevista para a próxima semana.
Os investimentos do PAC são vistos como o grande trunfo para essa aproximação de Luiz Inácio Lula da Silva. Os governadores têm interesse nas obras pelo impacto na popularidade e nas eleições municipais. Já o governo federal quer garantir recursos pro PAC em um momento de disputa com o Congresso Nacional pelo controle do orçamento.
Outro ponto é reduzir a dependência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Centrão. Ao se aproximar de figuras da oposição, Lula se fortalece politicamente ‘por fora’ e em partidos de centro como Republicanos, União Brasil e PSD.
Além disso, há o entendimento de que o ex-presidente Bolsonaro, após passar 2023 na defensiva, começa a rodar o país e a fazer atos de rua.
Lula já adiantou que aposta em uma eleição municipal polarizada. Por isso, houve a decisão de reforçar nos estados a divulgação de ações do Planalto, como inaugurações e lançamentos de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a fim de melhorar a avaliação do governo e de incentivar as campanhas de candidatos aliados nas eleições de outubro.
Outro governador de quem Lula tem se aproximado é Ratinho Júnior (PSD), do Paraná. No final de janeiro, o presidente e o chefe do governo paranaense participaram da assinatura de concessão de rodovias do Paraná. Em seu discurso, o governador agradeceu a parceria do governo federal e de Lula.
Fonte: G1 – Política
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