O ouro é geralmente justificado como uma boa proteção contra inflação, mas sua oscilação e incapacidade de seguir a inflação questionam sua fiabilidade. Factores como tensão geopolítica, bancos centrais, mercados emergentes, autoridades, taxas de câmbio real/dólar, crises financeiras globais, riscos sistêmicos e volatilidade podem impactar preços ao consumidor no longo prazo.
O ouro tem sido mais uma vez o centro das atenções e debates em diferentes partes do planeta.
Esse metal precioso é visto como uma importante commodity e sua extração como minério é fundamental para várias indústrias. metal precioso
Ouro: Commodity em Destaque na Geopolítica e Nos Mercados Financeiros
Desta vez, o foco está na notável elevação nos preços desse minério nas últimas semanas, impulsionada tanto pela crescente tensão geopolítica decorrente de conflitos no Oriente Médio e Europa, quanto pela demanda em alta por parte de bancos centrais ao redor do mundo, especialmente na China e outros mercados emergentes. As autoridades têm aumentado suas reservas desse commodity, possivelmente como uma forma de diversificar seus ativos, buscando uma alternativa aos tradicionais títulos do governo americano e mitigando potenciais sanções financeiras dos EUA.
Segundo os dados mais recentes do World Gold Council, organização sediada em Londres que reúne mais de 30 grandes empresas de mineração de ouro em 40 países, a produção desse minério tem alcançado níveis historicamente altos, garantindo assim uma oferta robusta desse commodity. Se a produção continua a crescer e as autoridades seguem aumentando suas reservas desse metal precioso, seria pertinente para os investidores comuns estarem atentos a esse movimento e considerarem participar dessa jornada de exploração do ouro?
Quando se trata de investir em ouro, é importante considerar os diversos caminhos disponíveis e os objetivos desejados. Vamos focar agora em uma análise do ouro em um contexto internacional, uma vez que a alocação local do portfólio é influenciada pela taxa de câmbio. Ou seja, para calcular o valor do ouro em moeda local, é essencial levar em conta a taxa de câmbio real/dólar, o que introduz uma certa incerteza em relação aos retornos.
Os investidores são historicamente atraídos pelo ouro por diversas razões, que vão desde sua suposta capacidade de proteção contra a inflação até seu potencial como um seguro contra crises e riscos sistêmicos. Uma justificativa comum para adquirir ouro é a crença de que ele representa uma proteção segura contra a inflação.
Entretanto, ao analisarmos a história dos dados, percebemos que o ouro nem sempre se mostrou uma proteção eficaz. No período de 1975 a 2000, por exemplo, o preço do ouro subiu pouco mais de 50%, enquanto os preços ao consumidor aumentaram em 235%. Apenas a partir da crise financeira global de 2008 é que o ouro conseguiu superar a inflação, ajudado pelas taxas de juros reais mais baixas decorrentes de um cenário específico em que os bancos centrais mantiveram as taxas baixas por um longo período.
Essa análise evidencia que os investidores que buscam proteção contra a inflação ao investir em ouro precisam ter uma paciência considerável. Além disso, ao compararmos o desempenho do ouro com outras classes de ativos, observamos que ele tem proporcionado retornos reais significativamente abaixo do que as ações americanas têm oferecido a longo prazo, com agravante de apresentar maior volatilidade e correções mais acentuadas.
Dessa forma, para justificar a inclusão do ouro em um portfólio, ele deve oferecer outras vantagens, já que, como indicado pela análise mencionada anteriormente, não garante por si só uma proteção eficaz contra a inflação e tem um desempenho inferior em comparação com outros ativos de maior risco. Uma alocação em ouro pode ter valor para os investidores como parte de uma estratégia de diversificação, com foco nos potenciais benefícios que esse minério pode proporcionar em termos de equilíbrio e mitigação de riscos.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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