Seis anos depois, dramas dos investigadores são provas técnicas diante de máquina estatal de destruição de indícios, em local deserto.
As investigações sobre o assassinato de Marielle revelaram detalhes sobre como os envolvidos se encontravam para planejar e executar o crime. Foi descoberto, por exemplo, que Chiquinho e Domingos Brazão teriam se reunido com Lessa em um local deserto.
Além disso, outra linha de investigação revelou que o ex-chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, tinha encontros marcados com Adriano da Nóbrega, chefe do Escritório do Crime, na ante-sala do dentista.
As investigações sobre os acusados da execução de Marielle revelaram detalhes sobre como os envolvidos se encontravam para planejar e executar o crime. Foi descoberto, por exemplo, que Chiquinho e Domingos Brazão teriam se reunido com Lessa em um local deserto. Além disso, outra linha de investigação revelou que o ex-chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, tinha encontros marcados com Adriano da Nóbrega, chefe do Escritório do Crime, na ante-sala do dentista.
.
São duas pistas importantes, sem dúvida. Há como prová-las depois de seis anos? Não. E isso permite um elogio e uma crítica à investigação da Polícia Federal.
A crítica é: a Polícia Federal baseou-se muito na delação de Lessa e não trouxe grandes provas de corroboração.
O elogio: a Polícia Federal fez uma imersão na máquina estatal de destruição de provas de corroboração que se transformou os órgãos investigadores do Rio de Janeiro.
Como se vê, crítica e elogio são complementares e coerentes. É como colocar um policial ao lado da máquina de triturar papéis seis anos depois com a missão de encontrar um documento íntegro.
Hoje, é inútil procurar por imagens de câmeras de vigilância. Dados de antena de celular são guardados por cinco anos pelas empresas telefônicas é já estão deletados. É impossível o cruzamento de informações de antenas de celulares para provar que os investigados estavam na mesma área. Adriano da Nóbrega já morreu. O dentista alega sigilo profissional. Domingos Brazão afirma que nunca viu Roni Lessa na vida. Será a palavra de um contra a de outro.
Contra os acusados da execução de Marielle há um oceano de provas técnicas. Contra o trio considerado mandante, não. Mais provas poderão surgir, porque ao contrário do que o ministro Lewandoski falou, o caso não está encerrado. Diligências foram feitas no fim de semana. A quebra do sigilo das empresas da mulher de Rivaldo vai corroborar a tese de pagamento disfarçado de propinas?
O fato é que uma pergunta continua em aberto: por que mataram Marielle? A PF, no seu relatório indica que foi pelo conjunto da obra: desprezo por uma mulher negra, gay e vinda de favela; questões fundiárias (a tese mais fraca na opinião do blog), o fato de ser aliada de Freixo, de esquerda e vista como adversária pelos Brazão.
Curiosidade: há sempre uma parlamentar cruzando a vida do clã: Cidinha Campos fez um estrago muito maior que Marielle na vida dos Brazões. Era inimiga declarada. E isso pode ter sido a sua proteção.
O desafio do STF: realizar um julgamento técnico e não político. O desafio do governo do PT: manter a coerência das críticas à Lava Jato. Delação não é prova. É meio de prova!
Fonte: G1 – Política
Comentários sobre este artigo