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80% das pessoas físicas tiveram retorno positivo em ações nos últimos 12 meses, mas é cedo para avaliar evolução em estratégias de investimento.
O investidor individual está conseguindo se adaptar aos diferentes momentos da bolsa de valores brasileira? Aproximadamente 45% dos investidores em ações no Brasil superaram o Ibovespa nos últimos 12 meses, encerrados em 28 de junho deste ano, conforme o mais recente estudo realizado pelo aplicativo Grana Capital.
Será que o principal índice acionário do Brasil está se tornando mais desafiador para os investidores individuais? Mesmo com a volatilidade do mercado, superar o Ibovespa ainda é um objetivo alcançável para muitos investidores que buscam resultados acima da média.
Desempenho dos Investidores do Ibovespa
A plataforma, parceira da B3 para o cálculo do Imposto de Renda (IR) sobre ganhos na bolsa, realizou uma análise detalhada das carteiras dos mais de 62 mil usuários. Em outras palavras, de acordo com o levantamento, mais de 28 mil investidores pessoa física na base do app conseguiram superar o retorno do principal índice acionário da B3 no período em questão.
No final de 2023, o grupo de investidores da Grana Capital que haviam superado o Ibovespa entre janeiro e dezembro daquele ano representava uma parcela menor, de 39,3%. No entanto, é importante ressaltar que esses números podem levar a interpretações equivocadas. Ainda é prematuro afirmar que o investidor do varejo aprimorou suas estratégias na bolsa brasileira.
Na realidade, o investidor médio pessoa física que investe em ações na B3 não escapou ileso dos ciclos de volatilidade da renda variável neste início de ano. É sabido que os investidores brasileiros, em média, são mais cautelosos em relação ao risco, devido à maior volatilidade da nossa bolsa em comparação com outras bolsas ao redor do mundo.
Entretanto, durante crises, esses investidores tendem a superar o Ibovespa, pois é nesses momentos que optam por posicionar-se de forma mais defensiva em suas carteiras de ações, investindo em papéis de grandes bancos, empresas do setor elétrico e companhias que oferecem bons dividendos, como destacou João Felipe Guimarães, economista da Grana Capital.
Entre as empresas mais procuradas na plataforma Grana Capital pelos alocadores em ações, Banco do Brasil, Vale, Petrobras, Bradesco e BB Seguridade se destacaram no ranking do final de junho. É importante considerar outros fatores para compreender a relação entre o desempenho da carteira da pessoa física e o retorno do Ibovespa nesse período analisado.
Os investidores da bolsa brasileira tendem a concentrar seus investimentos nas blue chips, as empresas com maior liquidez, que também têm peso significativo no índice. Isso torna desafiador dissociar as performances. No entanto, o Ibovespa, composto por 86 ações, é influenciado por contrapesos nem sempre favoráveis. Apenas 19 ações da carteira teórica encerraram o primeiro semestre do ano em alta.
Por exemplo, a ação preferencial da Petrobras, PETR4, registrou um aumento de cerca de 28% nesse período, o que significa que um investidor detentor desse papel superou o Ibovespa em quatro vezes. Outro fator relevante a ser considerado é que ficou mais acessível superar o Ibovespa, o índice acionário mais negociado da B3.
O Ibovespa acumulou ganhos de 22% entre janeiro e dezembro de 2023, mas entre julho de 2023 e junho de 2024, esse valor reduziu para 6,2%. Isso indica que, no primeiro semestre, o índice retrocedeu parte dos ganhos obtidos nos últimos meses do ano anterior. Esses últimos 12 meses destacaram a volatilidade da bolsa no Brasil, desde os 110 mil pontos em meados de 2023 até o recorde acima dos 134 mil pontos no final do ano, e então de volta à volatilidade.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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