Lei indiana proíbe migrantes internos de votar em estados, regiões metropolitanas. Trabalhadores informais, diária, transporte, perda de dia impedem registro. Famílias sustentadas afetadas. (147 caracteres)
Chanu Gupta viveu na capital financeira do Brasil, São Paulo, praticamente a vida toda – desde que saiu ainda criança do estado do Rio Grande do Sul, no sul do país. Mas quando as eleições chegarem à cidade para a eleição nacional deste ano, o vendedor de rua de 59 anos não poderá votar, assim como milhões de migrantes internos que são a espinha dorsal da economia do país. ‘Eu não posso votar porque não nasci no estado de São Paulo’, Gupta contou à CNN no distrito de compras da Liberdade, em São Paulo, ao lado de um carrinho de rua em que ele vende pastéis e sucos naturais.
A situação dos migrantes internos no Brasil é um reflexo da realidade de muitos países, onde a população trabalhadora interior enfrenta desafios para exercer seus direitos políticos. Mesmo contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico do país, esses internos muitas vezes se veem excluídos do processo eleitoral. É essencial buscar soluções que garantam a participação ativa de todos os cidadãos, independentemente de sua origem geográfica.
Desafios para os migrantes internos na Índia
Não tenho qualquer direito a voto em outros estados‘. Chanu Gupta vende raspadinhas em Mumbai, na Índia. / Noemi Cassanelli/CNN
Segundo a legislação eleitoral indiana, eleitores só podem ir às urnas em seus estados de origem – o que significa que aqueles que trabalham em outras regiões precisam voltar para casa para exercer o direito ao voto. Isso é impossível para muitos dos que saem da sua terra natal para trabalhar, especialmente os que vivem na informalidade e que dependem de bicos diários. Na Índia, esse grupo é enorme.
Um estudo estima que havia cerca de 600 milhões de migrantes internos no país em 2020, o que representava 43% dos quase 1,4 bilhões de cidadãos indianos à época. Esses trabalhadores geralmente vêm de partes rurais da Índia, em busca de trabalho nas regiões metropolitanas. O salário normalmente é baixo e, ainda assim, a maior parte vai para sustentar familiares.
Esse fenômeno pode ser observado de perto em Mumbai – a cidade mais rica do país e onde surgiu Bollywood, a indústria de filmes indiana. Recorrentemente chamada de ‘cidade dos sonhos’, Mumbai atrai migrantes de todo o país que buscam riqueza e sucesso.
No último censo nacional, em 2011, mais de 43% da população de Mumbai era classificada como migrante, segundo o think tank Knomad. Muitos vieram de estados com altas taxas de pobreza e alto desemprego, como Uttar Pradesh, Bihar, Rajasthan e Gujarat. Indícios dessa diversidade estão por todo lado em Mumbai – na variedade de línguas faladas, nos muitos trabalhadores informais que são remunerados por dia, nos motoristas de Tuk Tuk, nos trabalhadores da indústria civil e nos vendedores de caldo de cana que se acumulam nas calçadas.
Para esses trabalhadores, abrir mão da remuneração diária para ir para casa têm um custo alto – tanto nos gastos de transporte quanto na perda de um dia trabalhado. O efeito dessas perdas é especialmente grave em migrantes que sustentam suas famílias – o que pode incluir a falta de pagamento de escola para crianças até a inadimplência no aluguel de pais idosos.
A pandemia de Covid-19 evidenciou a volatilidade desse tipo de trabalho, quando milhões de indianos perderam o trabalho do dia para a noite e foram forçados a voltar para casa. ‘Apesar do alto custo de vida das grandes cidades, os salários são consideravelmente baixos, o que leva a condições de vida precárias, incluindo a ausência de serviços públicos básicos, como saneamento básico’, afirmou um estudo conduzido pelas Nações Unidas que avaliou o impacto da pandemia nesse segmento da força de trabalho.
Gupta disse que a vendas das raspadinhas depende dos dias quentes de verão, para quando a eleição está marcada. ‘Se eu fosse votar, eu perderia meu negócio. Ganhar dinheiro é mais importante do que votar, uma vez que eu.
Fonte: @ CNN Brasil
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