Governo propõe medida para reduzir preços de alimentos, destacando diferenças nas margens entre farmácias e redes de supermercados, que vendem medicamentos de uso amplo e são pontos de compra por impulso para o consumidor.
O debate sobre a venda de medicamentos sem prescrição médica em supermercados tem sido intenso em todo o país, preocupando principalmente as empresas de varejo de alimentos e as farmácias, pois afeta diretamente suas receitas. O que há de comum nessas empresas?
Algumas varejistas, como a RD Saúde, o Pague Menos e o Grupo Panvel, começaram a sentir o impacto dessa mudança de política, com reduções de até 15% nas receitas. A discussão sobre a venda de medicamentos sem prescrição médica em supermercados tem sido um tópico de grande atenção do governo e do mercado.
Proposta de venda de medicamentos em supermercados
As empresas de varejo de alimentos estão em um momento delicado, com a inflação dos alimentos atingindo altos níveis. Para combater essa situação, o governo está avaliando a possibilidade de permitir a venda de medicamentos que não necessitam de prescrição médica em supermercados. Essa medida pode trazer lucros adicionais para as varejistas de alimentos, mas é importante analisar os impactos positivos e negativos.
Lucros para varejistas de alimentos
As varejistas de alimentos podem se beneficiar da venda de medicamentos, pois esses produtos geralmente oferecem margens brutas mais altas, de 30% a 35%, em comparação com 16% a 20% para o varejo de alimentos. Além disso, as redes de supermercados podem aumentar suas vendas, especialmente com o consumidor por impulso.
Impactos sobre a saúde pública
No entanto, a medida pode ter impactos negativos sobre a saúde pública, pois pode incentivar a automedicação, que é responsável por uma parcela significativa de casos de intoxicação. O Ministério da Saúde já criticou essa possibilidade, destacando os riscos para a saúde pública.
Benefícios para farmacêuticas
A Hypera, uma das principais farmacêuticas do país, pode se beneficiar da medida, pois é uma das únicas empresas a já ter um relacionamento comercial estabelecido com as maiores empresas de varejo de alimentos do país. A mudança na legislação representaria um canal de vendas adicional para o principal segmento de produtos da empresa, além de estimular o consumo por impulso dos clientes.
Análise do Itaú BBA
O Itaú BBA acredita que a mudança na legislação pode ter um impacto positivo nas vendas das farmacêuticas, mas é pouco provável a aprovação de uma lei que viabilize a venda de medicamentos sem prescrições. A empresa também destaca que as varejistas de alimentos teriam que lidar com regulamentações sanitárias mais rigorosas, o que poderia impactar a lucratividade.
Pregão de ações
No pregão de hoje, os papéis das companhias operam em direções distintas. A ação da RD Saúde (RDLA3) subia de 1%, negociada a R$ 21,12, enquanto a Pague Menos (PGMN3) operava estável, a R$ 3,18. O Grupo Panvel (PNVL3) recuava 2%, a R$ 8,11. Entre as donas de supermercados, o GPA (PCAR3), dono do Pão de Açúcar, tinha desvalorização de 2,8%, a R$ 2,79, o Carrefour (CRFB3) perdia 0,7%, e Assaí (ASAI33) caía 0,8%, a R$ 6,28. O papel da Hypera (HYPE3), por sua vez, subia 0,7%, negociado a R$ 18,44.
Consumidor por impulso
A medida pode estimular o consumo por impulso dos clientes, o que tende a beneficiar as vendas das farmacêuticas e das empresas de varejo de alimentos. Além disso, a facilidade de acesso a medicamentos que não necessitam de prescrição médica pode aumentar o mercado desses produtos, especialmente entre as classes sociais mais baixas.
Implicações para o varejo de alimentos
A medida pode ter implicações significativas para o varejo de alimentos, pois pode aumentar a competição entre as empresas de supermercados e farmacêuticas. Além disso, a mudança na legislação pode impactar a lucratividade das empresas de varejo de alimentos, especialmente se elas não forem capazes de lidar com regulamentações sanitárias mais rigorosas.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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