Reprovação não vem de atos do governo, mas de falas do presidente. Estratégia: evitar novos ruídos e apostar em ações vantajosas para todos.
Lula tem como objetivo reduzir polêmicas durante seu governo e concentrar-se em ações que sejam benéficas para combater a queda de aprovação que ocorreu em março.
O entorno do presidente atribui a diminuição da aprovação a declarações polêmicas feitas por Lula, como críticas a Israel e comentários sobre Bolsonaro.
A estratégia do governo inclui medidas consideradas positivas para todos, como a redução dos juros e a implantação de escolas em tempo integral.
O entorno de Lula está confiante de que a queixa de violência doméstica contra seu filho não terá impacto na imagem do presidente.
Estratégia de comunicação do presidente Lula
A estratégia de comunicação com o eleitorado do presidente Lula (PT) é um ponto chave para impulsionar sua aprovação. Além disso, o foco da campanha é estancar as polêmicas do presidente, garantindo que as entregas sejam percebidas como benefícios para toda a população, não apenas para os apoiadores do partido.
Segundo as avaliações das pesquisas de opinião, as polêmicas em torno do presidente são vistas como determinantes para a queda na aprovação, em comparação com as ações do governo. O Datafolha apontou uma reprovação de 33% e aprovação de 35% (empate técnico), enquanto a Quaest revelou 51% de aprovação e 46% de desaprovação do trabalho do presidente.
Dentre os episódios mencionados, destacam-se as declarações de Lula sobre:
🗣️ Móveis do palácio: no início do governo, o presidente disse – sem apresentar provas – que Jair Bolsonaro havia ‘levado tudo’ do Palácio da Alvorada (residência oficial da Presidência da República), em referência a móveis que não foram encontrados pelo novo governo. Posteriormente, os objetos desaparecidos foram encontrados;
🗣️ ‘Bolsonaro covardão’: em meio à queda em sua própria popularidade, o presidente voltou a atacar Bolsonaro, chamando-o de ‘covardão’ que ‘preferiu fugir para os Estados Unidos do que fazer o que ele tinha prometido’ – referindo-se à suposta tentativa de golpe pela qual o ex-presidente é investigado;
🗣️e as críticas a Israel: em fevereiro, Lula comparou as ações do governo de Israel na Faixa de Gaza ao nazismo.
A expectativa é que o presidente adote um tom mais ameno, à semelhança do que aconteceu na viagem ao Rio de Janeiro para a filiação da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Durante a cerimônia, assessores enfatizaram que Lula ‘não saiu do script’.
Objetivos da estratégia de comunicação do governo
Além de evitar polêmicas, o governo Lula buscará promover entregas que sejam percebidas como amplas e democráticas.
Entre os exemplos de entregas consideradas pacificadoras pelo governo estão:
- conseguir que as taxas de juros oferecidas aos consumidores sejam mais favoráveis – uma tarefa, entretanto, influenciada pelo Banco Central;
- implementar o regime de escola em tempo integral, previsto em lei sancionada pelo presidente em julho de 2023.
A nova fase da comunicação, liderada por Paulo Pimenta, também inclui conversas com o marqueteiro da campanha de Lula em 2022, Sidônio Palmeira, que tem se reunido quinzenalmente com Gleisi Hoffman e Paulo Okamotto, respectivamente presidentes do PT e da Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido.
Avaliações da opinião pública indicam, na visão do entorno do presidente, um possível aumento na aprovação, revertendo a tendência de queda.
Queixa contra filho de Lula não deve impactar
A queixa de violência doméstica feita pela mulher contra Luís Cláudio Lula da Silva, filho caçula de Lula, não deverá ter impacto na imagem do presidente, de acordo com a avaliação de assessores.
A análise é de que o assunto pode causar constrangimento, mas que, se questionado, Lula deverá dizer que o filho é adulto e responde por seus atos, reforçando que deseja a ele e a todos a garantia de presunção de inocência e direito ao devido processo legal.
Fonte: G1 – Política
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