Pesquisas recentes frustraram Lula, que admitiu queda na expectativa pós-eleição. Datafolha mostrou empate técnico entre aprovação e reprovação dele.
Com a popularidade em queda, o presidente Lula e seus aliados estão analisando os pontos em que o governo pode melhorar. Pesquisa Datafolha revelou que a aprovação do governo está empatada com a desaprovação, o que mostra a necessidade de ações para melhorar a gestão atual. Lula instigou ministros a propagandearem conquistas do governo e a entregarem mais obras, buscando assim recuperar a confiança da população.
Um dos principais pontos que o governo quer aprimorar é a comunicação nas redes sociais. Dessa forma, a administração busca se aproximar dos cidadãos e melhorar a autoridade diante das críticas. Lula também busca aproximação com evangélicos, visando fortalecer as bases de sustentação do governo e o relacionamento com diferentes setores da sociedade.
Esforços do governo para superar desafios
Lula e auxiliares têm discutido os resultados de pesquisas realizadas recentemente para avaliar a administração do governo, e os resultados têm incomodado o presidente, que reconheceu que o governo está aquém da expectativa gerada na campanha eleitoral de 2022.
Dados coletados pelo Datafolha na última semana, em linha com pesquisas Quaest e Ipec, apontam empate técnico entre aprovação (35%) e reprovação (33%) do governo.
Em comparação com a pesquisa Datafolha de dezembro de 2023, a avaliação positiva do governo oscilou três pontos percentuais para baixo, enquanto a reprovação oscilou três pontos positivamente. O percentual dos que consideram o governo regular se manteve estável, com 30% de aprovação.
- Algumas das principais frentes da administração são:
- Fortalecimento da comunicação digital do governo;
- Implementação dos programas anunciados
- Redução dos preços dos alimentos
- Aproximação com setores do agronegócio
- Gerenciamento da relação com evangélicos
Veja abaixo:
Entregar programas anunciados com sucesso é uma prioridade
O Ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, destacou que o governo não está planejando ações específicas voltadas para diferentes segmentos da população para recuperar a aprovação.
‘Nós acreditamos que a política pública é para todos e causa impacto positivo de maneira abrangente’, afirmou.
Pimenta está confiante de que a avaliação do governo terá um melhor desempenho nos próximos meses, à medida que os programas já anunciados forem implementados. Uma das apostas é na eficácia do ‘Pé-de-meia’, que fornecerá assistência financeira a estudantes do ensino médio.
O programa disponibilizará até R$ 9,2 mil aos estudantes que concluírem os estudos, atendendo cerca de 2,5 milhões de alunos.
O governo também projeta um impulso na economia e na geração de empregos com a implementação do Novo PAC, o programa de infraestrutura do governo federal, que prevê investimentos de R$ 1,6 trilhão nos próximos anos em diferentes áreas.
O Ministro da Casa Civil, Rui Costa, reconheceu que muitas das obras previstas apresentam atrasos na execução em função de burocracias para a contratação dos serviços ou problemas nos projetos, mas acredita que áreas como habitação terão desempenho positivo em 2024.
Comunicação digital e as redes sociais
No Palácio, há uma percepção de que o governo não conseguiu comunicar adequadamente as ações realizadas durante o mandato e os índices positivos da economia, como o crescimento do PIB (2,29%), a inflação controlada, a estabilidade do dólar em R$ 5 e a geração de empregos.
Há uma expectativa de que ajustes na estratégia de comunicação, especialmente nas redes sociais, possam reverter essa situação. Um fator de preocupação é a batalha pela narrativa com a extrema-direita.
Lula reuniu-se recentemente com o publicitário Sidônio Palmeira, responsável pelo marketing da campanha em 2022, e o sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi. Após o encontro, o presidente compartilhou postagens informais nas redes sociais, como um vídeo correndo de bermuda e regata no Palácio da Alvorada.
O Ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, reforçou a jornalistas que a contratação de agências para atuar na comunicação digital do governo permitirá a distribuição de conteúdo direcionado para diferentes públicos, segmentados por renda, idade, região e outros filtros.
A Secom tem enfrentado limitações financeiras e de estrutura para executar essa política digital. A licitação, com custo estimado de R$ 200 milhões e conclusão prevista nos próximos meses, abrangerá a contratação de quatro agências.
Integrantes do governo acreditam que as agências auxiliarão na monitorização do pensamento do público virtual, em particular nos tópicos mais delicados, como a pauta de costumes. O objetivo é, além disso, fornecer conteúdo aos influenciadores alinhado com os assuntos em destaque.
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Impacto do aumento dos preços dos alimentos na gestão governamental
O governo identificou que parte da insatisfação verificada nas pesquisas está relacionada ao aumento do preço dos alimentos.
Alimentação e bebida foi um dos grupos com elevação de custos em fevereiro, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os preços dos alimentos no domicílio tiveram forte alta (1,12%), influenciados pelas temperaturas mais altas no início do ano e um volume maior de chuvas que afetou a produção de alimentos, como cebola (7,37%), batata-inglesa (6,79%), frutas (3,74%) e arroz (3,69%).
Os Ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Carlos Fávaro (Agricultura) atribuíram o problema a questões climáticas que prejudicaram a produção, principalmente do arroz, e planejam ações para a próxima safra (2024-2025).
Após encontro com Lula, os ministros destacaram que, com o avanço da colheita de arroz, os preços tendem a cair já em abril. O governo também planeja medidas para incentivar o cultivo de arroz, feijão, trigo, milho e mandioca em diversas regiões do país, com o objetivo de descentralizar a produção e aumentar a oferta de produtos que compõem a alimentação básica das famílias.
Desafios e conquistas na relação com o agronegócio
Como parte dos esforços do governo para ganhar a confiança do agronegócio, segmento que apoiou Bolsonaro de maneira significativa, Lula iniciou conversas com representantes do setor na Granja do Torto, residência de campo da Presidência da República em Brasília. O primeiro encontro aconteceu na quinta-feira (21), com representantes da fruticultura e produção de sucos.
Foi realizada uma reunião de trabalho mais formal, onde representantes do setor se sentaram à mesa com o presidente, ministros e outros auxiliares do governo. Após o trabalho, um churrasco foi servido aos participantes. A Granja do Torto era frequentemente utilizada por Lula nos primeiros mandatos como um espaço de interação com parlamentares.
O governo planeja promover esses encontros a cada 15 dias. Segundo o Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, Lula deve se reunir com produtores de algodão, carne, celulose e café.
‘Certamente, antes do final do mandato, quero garantir que a maioria dos produtores, independentemente da intenção de voto para 2026, reconhecerá que foi um grande governo para a agropecuária brasileira’, afirmou Fávaro após o encontro de quinta-feira.
‘Se ainda não existe um nível de total satisfação, há um grande reconhecimento, pois muitos dos receios propagados na campanha eleitoral eram falsos, eram notícias falsas’, acrescentou o ministro.
Relação com os evangélicos
Lula não planeja, no momento, fazer um gesto específico em direção aos evangélicos, um segmento da população que demonstra maior rejeição e que tem posições conservadoras em questões de costumes discordantes das pautas dos partidos de esquerda.
Durante reunião ministerial na segunda-feira passada (18), Lula afirmou ser instigado a se reunir com pastores e líderes evangélicos, algo que já fez no passado. No entanto, para ele, a questão não é essa, mas sim a necessidade do governo combater as notícias falsas que impactam esse segmento da população.
A aproximação com esse grupo está em curso no Congresso Nacional. Durante a semana, houve uma reunião do Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com a bancada evangélica na Câmara. Após o encontro, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que os evangélicos desejam ser ouvidos pelo governo na formulação de políticas. Guimarães defendeu a pertinência do pedido da bancada.
Ao mesmo tempo, o governo procura não reagir de forma incisiva a pautas conservadoras aprovadas por deputados e senadores, como a PEC das drogas, PEC das igrejas e o projeto de lei que acaba com as saídas temporárias nos presídios. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), já manifestou sua oposição ao veto total de Lula no projeto das saídas, aprovado recentemente.
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Fonte: G1 – Política
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