Moradores suplicam ao governo contra planos de intervenção em encostas. ONG alerta sobre tragédia e pede diálogo faseado e estudos sazonais.
O pedido de adiamento da decisão sobre a urgência da demolição das 893 casas na Vila Sahy, feito pela gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi encaminhado à Justiça nesta sexta-feira (18). No final do mês passado, o próprio governo havia solicitado a demolição das casas localizadas em uma área de encosta da cidade de São Sebastião, onde 64 pessoas perderam a vida em deslizamentos em fevereiro deste ano. Moradores que se recusam a deixar suas moradias têm promovido uma série de manifestações contra a decisão.
A oposição à demolição das casas resultou em diversas manifestações por parte dos moradores que não desejam abandonar seus imóveis na Vila Sahy. A decisão sobre a derrubada das residências em uma área de encosta na cidade de São Sebastião, onde os deslizamentos resultaram na morte de 64 pessoas em fevereiro, está sendo adiada após o pedido feito pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Justiça. A solicitação de adiamento da decisão veio após o próprio governo ter requerido a destruição das 893 casas no final do mês passado, desencadeando protestos dos moradores que se recusam a deixar suas moradias.
Novos planos de demolição preocupam comunidade de São Sebastião
O governo paulista manteve, porém, um pedido de autorização judicial para derrubar escalonadamente 405 imóveis no local, entre os quais 197 estão desabitados, 172 ficam em locais com maior risco e 39 são novas construções que surgiram após a tragédia. A expectativa é por uma decisão da Justiça ainda nesta semana.
Ampliação das ações de derrubada e reurbanização
Inicialmente, o estado considerava demolir 393 casas, mas decidiu mais do que dobrar esse número no final de novembro, após receber um laudo técnico sobre a área.
Laudo técnico aponta necessidade de mais de 400 demolições
O documento, encomendado pela ONG Gerando Falcões com dinheiro arrecadado em nome das vítimas, indicou a necessidade de ampliar remoções para obras de drenagem, contenção e reurbanização do bairro.
Estratégia faseada para minimizar impactos das demolições
Isso não significa que o estado desistiu do projeto e das remoções, disseram integrantes do governo à Folha. Em vez disso, a proposta é escalonar as demolições, embora ainda não exista um cronograma. A avaliação é de que a instalação de sirenes no local irá amenizar o risco de mortes, permitindo a desocupação gradual.
Novo planejamento faseado solicitado à Justiça
A Procuradoria-Geral do Estado, órgão responsável por representar o governo na Justiça, solicitou nesta segunda 30 dias para entregar ao Judiciário um planejamento faseado para retirar as residências necessárias para o início das obras. Nesta etapa inicial, o documento considera 157 demolições.
Comunidade se manifesta contra os planos do estado
Em reunião realizada com representantes do governo na sexta-feira (16), moradores se manifestaram contra os planos do estado.
‘É uma nova tragédia, ainda imposta’, disse Evanildes Andrade, presidente da Amovila (Associação dos Moradores da Vila Sahy).
‘Tem mulheres com depressão, pessoas falando que vão se suicidar, que não vão sair das suas casas, que só vão sair mortas’ prosseguiu Ildes, como é conhecida pelos vizinhos. Ela foi apoiada com aplausos e gritos do público.
Estudos geológicos embasam necessidade de demolições
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado estima que mais de 70% das casas da Vila Sahy devem ser desocupadas. Segundo a pasta, estudos geológicos apontaram que a área está sujeita a novos deslizamentos.
Argumentos do governo para solicitar demolições
Entre os argumentos do governo para solicitar as demolições está a constatação de alta possibilidade de repetição da tragédia, caso chuvas torrenciais voltem a cair sobre a localidade. O bairro é circundado por uma encosta com declividade superior a 25 graus, o que traz potencial de perigo de movimentação de massas, diz o laudo que embasa a decisão.
Integrantes da gestão Tarcísio que conversaram com a reportagem disseram que o governo não aceitará manter moradores em locais em que há risco, mas está disposto a dialogar com a comunidade.
Plano de construção de unidades habitacionais subsidiadas
Por meio da CDHU, o governo tem planos para a construção de 1.510 unidades habitacionais subsidiadas em São Sebastião para moradores de áreas de risco, sendo que 704 serão entregues neste ano.
Contrapontos à ideia de demolição
A ideia de iniciar um financiamento imobiliário, mesmo com parte da parcela paga pelo governo, desagrada parte dos moradores que construíram imóveis irregularmente na Vila Sahy, em especial aqueles que possuem pequenos negócios no local ou obtinham renda extra com aluguéis de curta duração na temporada.
Apesar de irregular, o bairro tem cerca de 30 anos e está consolidado, com ruas e vielas pavimentadas e ligação de energia elétrica, por exemplo.
Fonte: © R7 Rádio e Televisão Record S.A
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