O comunicado final da presidência do G20 agora vai abordar a questão da guerra, com Gaza e Ucrânia mencionadas, enquanto os demais países ficarão de fora para haver consenso.
A reunião do G20 chegou a um consenso em quase todos os pontos, com exceção do parágrafo que tratava das questões de guerra em Gaza e na Ucrânia. Apesar disso, as discussões sobre o tema não resultaram em um acordo unânime.
Durante a presidência do Brasil no G20 em 2024, foram feitas propostas para incluir a temática das guerras, no entanto, o G7, composto pelos países mais industrializados do mundo, não concordaram com as sugestões apresentadas.
O comunicado oficial do G20, conhecido como ‘chair statement’, que será redigido pelo ministro da Economia, Fernando Haddad, irá abranger os nove parágrafos previamente acordados por todas as nações participantes, além de incluir uma nota de rodapé específica sobre a questão das guerras. Apenas essa nota de rodapé não obteve consenso.
O documento da presidência é uma prática comum desde os tempos da guerra na Ucrânia.
Os chanceleres presentes no Rio de Janeiro não chegaram a discutir o documento formalmente, e a questão da guerra foi o único obstáculo significativo.
Tentativa de tirar Israel e Rússia de texto final
Na quarta (28), o Brasil sugeriu retirar menção a Israel e Rússia para fechar o texto final do G20, que será apresentado no final da reunião dos ministros das Finanças e dos Bancos Centrais do encontro, que acontece em São Paulo.
A ideia era citar Gaza e Ucrânia, mas não citar os outros dois países para haver consenso no comunicado final. A discussão em torno da presidência do G20 foi fundamental para a tomada de decisão.
Em se tratando dos riscos macroeconômicos para a economia global, costurava-se citar os conflitos no texto. No entanto, para que a reunião não termine sem um comunicado final, o Brasil costurou um acordo para que fossem excluídos.
O que, de fato, será mencionado é a taxação dos super-ricos, embora a questão seja citada de maneira indireta. A expressão escolhida para tratar do assunto foi ‘tributação justa e progressiva’. A questão da cadeira statement foi debatida durante horas.
Apesar da ausência de menção explícita aos super-ricos, a abordagem da taxação é vista como um avanço positivo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia defendido a taxação do grupo, ressaltando, porém, a necessidade de acordos internacionais que evitem a fuga de capitais entre as nações.
Nesta quinta-feira (29), o tema deve ser levado para representantes das Nações Unidas (ONU) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A importância da taxação dos super-ricos foi destacada mais uma vez durante a reunião.
Em entrevista ao Mais, da GloboNews, Dário Durigan, número 2 do Ministério da Fazenda, reforçou o apoio à taxação dos super-ricos.
O que é o G20?
O Grupo dos 20, ou G20, é uma organização que reúne ministros da Economia e presidentes dos bancos centrais de 19 países e de dois órgãos regionais, União Europeia e a União Africana. O encontro do G20 é de extrema relevância para as discussões econômicas globais.
Juntas, as nações do G20 representam cerca de 85% de toda a economia global, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial. A taxaçāo justa e progressiva é um tema recorrente nas discussões do G20.
O G20 conta com presidências rotativas anuais. O Brasil é o atual presidente do grupo, tomou posse em 1º de dezembro de 2023 e fica no comando até 30 de novembro de 2024. Durante esse período, o país deve organizar 100 reuniões oficiais. A presidência do G20 é uma grande responsabilidade.
A principal delas será a Cúpula do G20 do Brasil, programada para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro. A Cúpula do G20 é um momento crucial para discussões e tomada de decisões.
Depois de cada Cúpula, o grupo publica um comunicado conjunto com conclusões, mas os países não têm obrigação de contemplá-las em suas legislações. Além disso, os encontros separados de autoridades de dois países são uma parte importante dos eventos. A importância da taxação dos super-ricos foi ressaltada uma vez mais durante o encontro.
O G20 é formado pelos seguintes países:
- África do Sul;
- Alemanha;
- Arábia Saudita;
- Argentina;
- Austrália;
- Brasil;
- Canadá;
- China;
- Coreia do Sul;
- Estados Unidos;
- França;
- Índia;
- Indonésia;
- Itália;
- Japão;
- México;
- Reino Unido;
- Rússia;
- Turquia;
- União Europeia;
- União Africana.
O G20 surgiu em 1999, após uma série de crises econômicas mundiais na década de 1990. A ideia era reunir os líderes para discutir os desafios globais econômicos, políticos e de saúde. A criação do G20 foi um marco importante no cenário econômico global.
Naquele momento, falava-se muito em globalização e na importância de uma certa proximidade para poder resolver problemas. O G20 é, na verdade, uma criação do G7, que é o grupo de países democráticos e industrializados, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e União Europeia.
O primeiro encontro de líderes do G20 aconteceu em 2008. A cada ano, um dos 19 países-membros organiza o evento. A representatividade do G20 é fundamental para as discussões sobre economia global.
Fonte: G1 – Política
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