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Dentes do Ptychodus, descobertos no século XVIII, geraram especulações sobre o animal do Período Cretáceo. Registro fóssil em pedreiras de calcário revelou sua árvore evolutiva.
Durante o Período Cretáceo, um tipo de tubarão nadava pelos oceanos com fileiras de dentes peculiares.
Esses tubarões eram conhecidos por serem excelentes predadores devido aos seus dentes afiados, que os ajudavam a capturar sua presa, seja ela um pequeno peixe ou até mesmo outros animais marinhos. A presença desses tubarões contribuiu significativamente para o equilíbrio do ecossistema marinho da época.
Tubarão: O Predador do Período Cretáceo
Principalmente grandes e arredondados, esses dentes não eram feitos para cortar suas presas, mas para triturar e esmagar criaturas com conchas. No entanto, como a presença desses animais no registro fóssil consistiu principalmente em dentes isolados, os cientistas ficaram especulando sobre a aparência do resto desse antigo predador desde sua descoberta no século XVIII.
Leia mais Cientistas analisam mamute e encontram fósseis de cromossomos pela primeira vez Pinguim e ovo espaciais aparecem em nova imagem do James Webb Mutação genética rara transforma rã verde em azul Agora, restos descobertos em pedreiras de calcário no nordeste do México estão finalmente dando aos pesquisadores uma ideia mais clara da aparência do tubarão, incluindo um fóssil que mostra quase todos os elementos esqueléticos e um contorno do corpo de tecido mole do espécime.
A novidade também revela onde o gênero, conhecido como Ptychodus, se encaixa na árvore evolutiva dos tubarões e outras características previamente desconhecidas desse ‘enigma de longa data’, de acordo com um estudo publicado em abril na revista Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences.
‘A descoberta dos restos esqueléticos no México não apenas nos permite unir esses dentes que há muito tempo procuram por um esqueleto, mas também nos permite, como cientistas, revisar nossas hipóteses anteriores sobre sua biologia e relações e ver o que acertamos e o que erramos’, disse o coautor do estudo, Dr. Eduardo Villalobos Segura, professor assistente no departamento de paleontologia da Universidade de Viena, Áustria, em um e-mail.
Os fósseis também fornecem informações sobre a história evolutiva dos tubarões encontrados em nossos oceanos hoje, dizem os especialistas. Antigo parente do tubarão-branco, a maioria das espécies de Ptychodus viveu entre 100 e 80 milhões de anos atrás, durante o período Cretáceo Superior.
Os depósitos nos quais os fósseis foram descobertos — em Nuevo León, perto do município de Vallecillo, na Espanha — datam de aproximadamente 93,9 a 91,85 milhões de anos atrás, disse Villalobos Segura.
Como os esqueletos de tubarão são feitos de cartilagem, eles não se fossilizam bem, geralmente deixando aos arqueólogos apenas dentes e poucos restos esqueléticos para encontrar.
Entretanto, evidências sugerem que os fósseis de Nuevo León acabaram em condições predominantemente inertes que teriam permitido uma zona deficiente em oxigênio, resultando na preservação dos esqueletos moles, comentou o professor.
No estudo, os pesquisadores analisaram seis fósseis encontrados no local, incluindo o espécime completo. Três outros fósseis estavam quase inteiros e dois estavam incompletos. Com esses restos, os autores do estudo determinaram que Ptychodus pertencia à ordem dos tubarões conhecida como Lamniformes, ou tubarões-macro, o mesmo grupo ao qual pertencem o extinto Otodus megalodon e o moderno tubarão-branco.
Lamniformes também inclui as espécies modernas de tubarões-boca-grande, tubarões-de-areia, tubarões-duende.
Fonte: © CNN Brasil
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