Nos últimos 30 anos, a falta frequente de chuvas, somada ao impacto acelerado do aquecimento global, tem alterado a paisagem do semiárido nordestino, aumentando os riscos de desertificação e a escassez de água. Área classificada como árida pela primeira vez na história, alerta para a necessidade de ação do poder público e dos agricultores.
O clima árido é caracterizado por baixos níveis de umidade e escassez de chuva. Esta condição resulta em paisagens com vegetação esparsa e adaptada para sobreviver em condições de extrema secura. Muitas regiões do mundo possuem clima árido, incluindo desertos e áreas semiáridas.
Algumas das áreas mais conhecidas com bioma semiárido estão localizadas na América do Sul, África, Austrália e partes da Ásia. Estas regiões, muitas vezes conhecidas como regiões de clima semelhante ao deserto, são impactadas pelo aquecimento global, que pode levar a um aumento da desertificação e agravar ainda mais as condições já difíceis da vida nestes locais.
Clima árido na Caatinga: Uma Região em Alerta
A Caatinga, bioma que se espalha predominantemente pelo Nordeste brasileiro e que ocupa aproximadamente 10% do território nacional, é bem adaptada a altas temperaturas e à escassez de água – um clima que é classificado pelos cientistas como semiárido. Nas últimas décadas, no entanto, a falta de chuvas por períodos ainda mais prolongados, somada ao impacto do aquecimento global, tem alterado de forma acelerada a paisagem. O impacto foi tanto que uma área de 5 mil quilômetros – equivalente ao Distrito Federal – foi classificada, pela primeira vez na história, como árida. Um alerta de risco para o clima de todo planeta e de urgência para que o poder público atenda aos milhões de brasileiros que vivem na região. Para contar o que está acontecendo por lá, Natuza Nery entrevista Fábio dos Santos Paiva, presidente da Associação de Agricultores do Frade, do município de Curaçá, norte da Bahia, e Humberto Barbosa, professor e pesquisador especialista em desertificação da Universidade Federal de Alagoas. Neste episódio:
Fabio relata as muitas alterações que ele observou no clima e na vegetação ao longo das últimas décadas: ‘A chuva era mais frequente, e não conseguimos mais colher os cultivos que a gente estava acostumado a plantar’. E se emociona ao contar suas lembranças da juventude. ‘A gente tinha pé de umbuzeiro e, agora, vou lá e o encontro seco e morto. Chega a cortar o coração’, diz;
Ele conta o desafio de alguns colegas que moram em fazendas para conseguir água potável ou irrigação adequada para plantar ou criar animais. ‘Os jovens veem que não é viável viver em um ambiente que não tem como crescer’, lamenta. ‘E quando piora para nós, do semiárido, todo mundo também é afetado’, resume;
Nova perspectiva sobre o bioma semiárido
Humberto explica como nas últimas três décadas a região Nordeste sofreu com fortes secas, degradação da paisagem e desmatamento – e de que modo isso se reflete nas alterações do ecossistema. ‘É como se fosse um vulcão adormecido. Houve transições e o nosso semiárido se tornou mais árido’, esclarece;
O pesquisador afirma que há dois motivos para o processo de desertificação na Caatinga: as mudanças climáticas e a ação humana. ‘A degradação do solo e rios aumenta a pressão e, no futuro, vai trazer desafios para as populações ribeirinhas e para a produção de alimentos pela agricultura familiar’, alerta.
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O que você precisa saber:
- No Brasil: encontrada região de clima semelhante ao deserto
- Clima árido: como a descoberta pode impactar o resto do país
- Moradores: dificuldades para criar animais e conseguir água
Clima árido: Impacto do aquecimento global
Fabio dos Santos Paiva, presidente da Associação de Agricultores do Frade, descreve as muitas alternâncias que ele notou nas condições climáticas e na vegetação ao longo das décadas recentes: ‘A chuva costumava ser mais frequente e não temos mais sucesso em colher os cultivos que costumávamos plantar’. Em uma nota emocional, ele compartilha suas memórias da juventude, afirmando: ‘Tínhamos pé de umbuzeiro e, agora, quando vou lá, os encontro secos e mortos. É desolador’, diz;
Fonte: G1 – Política
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