Artigo de Paula Casarini, CEO da Colliers Brasil, destaca o movimento de empresas em São Paulo para o retorno ao trabalho presencial.
Desde o ano passado, temos visto um aumento significativo na demanda por espaços de trabalho presenciais em áreas como Vila Mariana, Pinheiros, Vila Olímpia e Itaim Bibi. Mais de 40 pontos foram identificados entre janeiro e março, com foco especial nas zonas Chucri Zaidan, Vila Olímpia e Nova Faria Lima. Essas localidades contribuíram com 67% do total de locações em São Paulo.
Além disso, a procura por escritórios físicos nessas regiões tem sido notável, refletindo a preferência por um ambiente de trabalho local e colaborativo. A tendência de retorno ao trabalho presencial está cada vez mais evidente, impulsionando o mercado imobiliário e promovendo a revitalização de áreas comerciais em São Paulo.
Transformações no Mercado de Escritórios Presenciais em São Paulo
Os setores que protagonizaram este movimento de mercado foram aqueles do mercado financeiro, energia, automotivo, tecnologia e investimentos. A taxa de vacância permaneceu em 23%, mesmo patamar observado no final de 2023. Destaque para as regiões Rebouças, Pinheiros, Paulista, Itaim Bibi, JK e Nova Faria Lima que estão abaixo de 10%. Santo Amaro e Marginal Pinheiros possuem as maiores taxas, 58% e 48%, respectivamente.
Se durante a pandemia houve um momento em que todos se perguntavam se seria o fim do trabalho majoritariamente presencial, a dúvida agora é se vivemos o fim do home office. No meu ponto de vista, a resposta é não. Entretanto, o futuro do trabalho tende a ser híbrido e, dependendo do ramo de atividade em que se trabalha, pendendo para o presencial.
Acredito nisso por várias razões. A primeira delas é que, resgatando algumas notícias de 2020, obviamente percebe-se o tamanho da incerteza que vivíamos em relação à saúde pública. Fomos obrigados a ficar em casa e foi preciso se adaptar à nova realidade – o que incluiu a utilização de plataformas como o Zoom ou o Teams, capaz de substituir quaisquer auditórios.
Neste cenário, os prédios de escritório foram esvaziados por necessidade e num segundo momento por uma falsa percepção de que o momento de crise duraria para sempre. Mas isso foi uma bolha. Naquela fase, todos estavam temerosos, sem saber o que esperar. Conforme a vacinação foi sendo aplicada e a situação se acalmando, o pensamento geral é que não seria interessante ficar aprisionado dentro de casa.
Muitas empresas acreditaram que o modelo ideal seria retornar por completo ao presencial, como foi o caso clássico do banco Morgan Stanley, que decretou que todos deveriam voltar ao presencial, e de seu maior concorrente, que reagiu decretando que seus funcionários poderiam trabalhar de forma remota.
Admito que fomos um pouco inocentes quando, em meio à pandemia, acreditamos que tudo aquilo que pode ser feito in loco também pode ser feito em casa. Já entendemos que não é verdade: há questões importantes em termos de inteligência coletiva, produtividade, inovação, criatividade.
Mas acredito também que, de lá para cá, passamos pela ressignificação do escritório. Do mesmo jeito que foi necessário reformar a casa, investir em móveis, criar espaços funcionais para o trabalho, no retorno ao presencial, as empresas estão realizando o mesmo movimento e criando espaços adequados para que as pessoas possam se encontrar num mesmo dia, de forma híbrida. Alguns concluem que precisam de espaços maiores. Ou que precisam fazer mudanças.
Um estudo feito pela Colliers no início de 2024 indica que 59% das pessoas trabalham a partir do escritório, de forma presencial; 28% em regime híbrido e 13% trabalham unicamente de forma remota. Olhando para o futuro, a partir de 2025 o número de pessoas em regime híbrido vai aumentar já que as empresas entenderam que essa decisão ultrapassa o limite do.
Fonte: © Estadão Imóveis
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