Descobrido pelo Instituto do Sono e Unifesp: Apneia durante o sono relacionada à obstructura, musculatura garganta, relaxamento, altos níveis sanguíneos de homocisteína e aminoácido; correlação bidirectional com alterações nas parede de vasos e deficiência em B, B6, B9 e B12.
A medição da quantidade de um aminoácido conhecido como homocisteína pode ser útil para estimar a probabilidade de uma pessoa desenvolver apneia obstrutiva do sono – um quadro marcado por obstruções frequentes da respiração decorrentes do relaxamento dos músculos da garganta durante o sono. A relação entre os níveis de homocisteína e a apneia do sono possui relevância significativa na avaliação do risco deste distúrbio.
A inclusão da análise da homocisteína nos exames de rotina pode fornecer informações valiosas sobre a possível predisposição ao desenvolvimento da apneia do sono em indivíduos. Em alguns casos, a conexão entre os níveis sanguíneos de homocisteína e a apneia do sono pode ser não aplicável diretamente, requerendo uma avaliação mais personalizada da condição.
Estudo destaca correlação entre apneia do sono e níveis sanguíneos de homocisteína
Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto do Sono e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com apoio da FAPESP, trouxe à tona uma descoberta interessante em relação aos níveis sanguíneos de homocisteína em pacientes com distúrbios do sono. Publicado no European Archives of Oto-Rhino-Laryngology, o estudo revelou uma possível correlação entre a apneia do sono e os níveis de homocisteína no sangue.
De acordo com Monica Levy Andersen, professora da Unifesp e coordenadora da pesquisa, ainda não está claro se é a apneia que causa o aumento da homocisteína ou se os níveis elevados desse aminoácido agravam a apneia. A hipótese dos pesquisadores é que exista uma correlação bidirecional entre esses fatores, o que torna o estudo ainda mais relevante para a compreensão dos distúrbios do sono.
A sugestão da equipe de pesquisa é que mais médicos solicitem o exame de homocisteína no check-up de pacientes acima de 40 anos, já que se trata de um procedimento simples e de baixo custo. Os resultados desses exames poderiam fornecer informações valiosas sobre a relação entre a apneia do sono e os níveis sanguíneos de homocisteína, contribuindo para um melhor entendimento e manejo desses distúrbios.
Já conhecida como uma preocupação para os cardiologistas, a homocisteína em níveis elevados pode desencadear alterações na parede dos vasos sanguíneos, aumentando o risco de doenças cardiovasculares graves, como doença coronariana, trombose e acidente vascular encefálico. A deficiência de vitaminas do complexo B, como B6, B9 e B12, pode predispor a um aumento da homocisteína, sendo a alimentação e a suplementação desses nutrientes estratégias importantes para modular os níveis desse aminoácido no sangue.
O Estudo Epidemiológico do Sono (Episono), coordenado pelo professor Sergio Tufik, há mais de 15 anos vem avaliando a qualidade do sono e os distúrbios do sono na população de São Paulo. Dados do Episono 2007 indicam que uma parcela significativa da população apresenta ronco frequente e apneia do sono, evidenciando a relevância de pesquisas nesse campo para a saúde pública e individual. A investigação da correlação entre a apneia do sono e os níveis de homocisteína no sangue é mais um passo importante nessa linha de estudos, levando a insights valiosos sobre a relação entre esses fatores e suas implicações para a saúde.
Fonte: © CNN Brasil
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