Segundo relatório, famílias de pacientes com demência no Brasil custeiam pelo menos 73% dos custos.
As famílias dos pacientes com demência no Brasil enfrentam um custo elevado para cuidar de seus entes queridos. Segundo o Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil (Renade), do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, 73% dos custos relacionados ao cuidado com as pessoas com demência são suportados pelas famílias. Além disso, o estudo mostrou que os responsáveis pelos cuidados geralmente sofrem com sobrecarga, sendo que, na maioria dos casos, são mulheres.
Os cuidadores e parentes dos pacientes com demência são os principais responsáveis por arcar com as despesas do tratamento, de acordo com o Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil (Renade), do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Além dos custos financeiros, esses responsáveis também enfrentam desafios emocionais e de saúde devido à sobrecarga de cuidados. É fundamental que a sociedade esteja atenta e ofereça suporte às famílias que enfrentam essa situação difícil.
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Famílias e cuidadores
O relatório mostra que esses custos podem chegar a 81,3% por parte do familiar a depender do estágio da demência.
‘Isso envolve horas de dedicação para o cuidado. A pessoa, por exemplo, pode ter que parar de trabalhar para cuidar. Isso tudo envolve o que a gente chama de custo informal. É importante que se ofereça um apoio para a família’, afirmou a psiquiatra e epidemiologista Cleusa Ferri, pesquisadora e coordenadora do Projeto Renade no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em entrevista à Agência Brasil.
O relatório enumera custos diretos em saúde, como internações, consultas e medicamentos, e também os recursos indiretos, como a perda de produtividade da pessoa que é cuidadora.
Número e parentes
‘As atividades relacionadas ao cuidado e supervisão da pessoa com demência consomem uma média diária de 10 horas e 12 minutos’, aponta o relatório. ‘As atividades relacionadas ao cuidado e supervisão da pessoa com demência consomem uma média diária de 10 horas e 12 minutos’, aponta o relatório. A médica Cleusa Ferri avalia que é necessário aumentar o número de serviços de qualidade que atendam às necessidades da pessoa com demência e também dos parentes. ‘O familiar pode até ser um parceiro do cuidado. Mas precisamos também pensar nesse cuidador’.
Para elaboração do estudo, os pesquisadores entrevistaram 140 pessoas com demência e cuidadores de todas as regiões do país, com média de idade de 81,3 anos sendo 69,3% mulheres. Os dados foram coletados com pessoas em diferentes fases da demência.
Cuidadores e responsáveis
O relatório mostra, por exemplo, que entre os 140 cuidadores, pelo menos 45% das pessoas apresentavam sintomas psiquiátricos de ansiedade e depressão, 71,4% apresentavam sinais de sobrecarga relativa ao cuidado, 83,6% exerciam o cuidado de maneira informal e sem remuneração. O estudo chama a atenção para que, dentro dessa amostra, 51,4% dos pacientes utilizaram, em algum momento, o serviço privado de saúde, 42% não utilizavam nenhum tipo de medicamento para demência.
Sobrecarregadas e relatório
‘Somente 15% retiravam a medicação gratuitamente no SUS’, disse a epidemiologista Cleusa Ferri. O estudo aponta que a maioria das pessoas cuidadoras de familiares com algum tipo de demência são mulheres. ‘Nessa amostra, temos 86% das cuidadoras sendo mulheres. Isso é um fato. Há uma cultura da mulher cuidar para o resto da vida. Entendo que é uma questão cultural.
Cultivo e famílias
De acordo com a pesquisadora, o Brasil contabiliza cerca de 2 milhões de pessoas com demência e 80% delas não estão diagnosticadas. ‘A taxa de subdiagnóstico é grande. Temos muitas pessoas sem diagnóstico e, portanto, sem cuidado específico para as necessidades que envolvem a doença. Então, esse é um desafio muito importante’, afirma a especialista.
Na Europa, o subdiagnóstico chega a ser de mais de 50% e na América do Norte, mais de 60%.
‘No Brasil, temos 1,85 milhão de pessoas com a doença. E a projeção é que esse número triplique até 2050’.
Fonte: © R7 Rádio e Televisão Record S.A
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