Corporação investiga monitoramento ilegal pela Abin durante governo Bolsonaro. Ex-comandante do órgão é alvo de buscas nesta quinta-feira. Uso de software israelense sob suspeita.
A Polícia Federal está realizando uma operação para investigar o uso indevido de software israelense pela Agência Brasileira de Informações (Abin), em um caso de espionagem ilegal. Segundo as informações, cerca de 30 mil pessoas foram alvos do monitoramento ilegal, incluindo autoridades, jornalistas, professores e sindicalistas.
De acordo com o chefe da PF, a ferramenta utilizada pela Abin é capaz de invadir os celulares e obter dados de GPS, o que permite saber a localização dos alvos e com quem eles se encontram, configurando claramente o uso indevido de software para espionagem ilegal. Essas ações representam uma grave violação da privacidade dos cidadãos brasileiros e devem ser investigadas com rigor.
PF realiza buscas relacionadas à espionagem ilegal
Na quinta-feira, 25 de março, a Polícia Federal está realizando buscas contra o ex-diretor-geral da Abin, deputado federal Alexandre Ramagem (PL), que é um próximo amigo da família Bolsonaro, e contra outros funcionários da agência suspeitos de envolvimento com a espionagem ilegal.
Até o momento, Ramagem não fez nenhum pronunciamento.
De acordo com as investigações, o monitoramento ilegal era realizado usando o software israelense FirstMile – e por esse motivo, os dados eram armazenados fora do país.
”A investigação confirmou que, de fato, houve um monitoramento clandestino de muitas pessoas, estimado em cerca de 30 mil pessoas, ou seja, de forma ilegal”, disse o chefe da PF em uma entrevista ao Estúdio i, da Globonews, em 4 de janeiro. ”Os dados de monitoramento dos cidadãos brasileiros estavam armazenados em nuvens em Israel, pois a empresa responsável por essa ferramenta é israelense.”
Em geral, de acordo com Passos, os alvos eram pessoas com posição contrária ao governo anterior – incluindo juízes, políticos, professores, jornalistas e sindicalistas.
A ferramenta usada permitia invasão de celulares, afirma chefe da PF
Segundo Andrei, a ferramenta tinha a capacidade de monitorar dispositivos usando os dados de GPS, o que possibilitava não apenas acompanhar a movimentação das pessoas monitoradas, mas também descobrir com quem elas se encontravam.
A obtenção dos dados era feita por meio da invasão de celulares, e não apenas usando dados de antenas de celular.
”Ela [a ferramenta] permite o rastreio por meio da invasão dos aparelhos. Não se trata apenas de monitoramento de antenas. Ou seja, havia monitoramento telefônico de sinais que apontavam a localização exata dessas pessoas. A partir do cruzamento de informações […] era possível concluir que elas se encontraram em determinado momento e em determinadas circunstâncias. Isso traz uma série de consequências.”
Fonte: G1 – Política
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