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Estudos em congresso de neurociência destacam a importância do prazer em atividades físicas para combater doenças crônicas.
No Rio de Janeiro*, a expressão ‘no pain, no gain’ ou ‘sem dor, sem ganho’ ganhou popularidade no mundo fitness ao destacar a importância do esforço nos treinos, mesmo que isso envolva dor e renúncias, para conquistar bons resultados. Entretanto, quando se trata dos benefícios para a saúde mental proporcionados pelas atividades físicas, essa máxima não se faz necessária.
É fundamental compreender que a prática regular de exercícios não apenas contribui para a saúde mental, mas também promove o bem-estar mental e o equilíbrio emocional. Cuidar da saúde psicológica é tão importante quanto manter o corpo ativo, pois ambos estão interligados e influenciam diretamente a qualidade de vida. Portanto, ao priorizarmos a saúde mental, estamos investindo em nosso bem-estar de forma integral.
Saúde Mental: Prioridade para o Bem-Estar
Expressar sentimentos de prazer, envolvimento e propósito é fundamental para alcançar bons resultados em qualquer empreitada. A máxima ‘no play, no gain’ reflete a importância de se divertir e se engajar em atividades significativas para colher os frutos do sucesso.
Em um cenário marcado pela pandemia de inatividade física, que contribui significativamente para problemas de saúde, é crucial adotar estratégias inovadoras para combater as doenças crônicas e promover o equilíbrio emocional, especialmente em meio à crise global de saúde desencadeada pela covid-19.
Os especialistas destacam a importância do exercício como uma ferramenta poderosa para aliviar a ansiedade, a depressão e outros desafios de saúde mental. Essa abordagem foi discutida durante uma das sessões do Congresso Brain 2024: Cérebro, Comportamento e Emoções, um evento de neurociências que reuniu mais de 5.000 especialistas entre os dias 26 e 29 de junho, na cidade do Rio de Janeiro.
Ao prescrever intervenções para problemas de saúde mental, é essencial considerar a melhoria da saúde física, pois a combinação de medicamentos e psicoterapia nem sempre é suficiente, conforme explica Felipe Schuch, professor e coordenador do grupo de pesquisa em exercício físico e saúde mental na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Dados recentes de 2021 revelam que uma em cada cinco pessoas no mundo sofre de algum transtorno mental, como ansiedade e depressão. No entanto, estudos científicos têm demonstrado que a prática regular de atividade física pode reduzir significativamente esses sintomas.
Pessoas que se mantêm fisicamente ativas têm 25% menos chances de desenvolver ansiedade e uma redução de 18% na probabilidade de desenvolver depressão, segundo Schuch. Mesmo metade do tempo de exercício semanal recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) já pode trazer benefícios para a saúde mental, ou seja, 75 minutos.
Embora o ideal seja realizar atividades vigorosas e atingir os 150 minutos semanais, é possível progredir gradualmente nesse sentido. Schuch ressalta que, embora as atividades físicas leves tenham um impacto menor, é importante considerar que indivíduos com depressão podem enfrentar dificuldades para se engajar em exercícios moderados a intensos, pois ninguém deseja sentir dor, todos buscam prazer.
Quanto ao local para a prática de atividades físicas, estudos recentes apontam a relevância do contato com a natureza, seja em ambientes verdes, como praças e áreas arborizadas, ou em ambientes azuis, próximos ao mar, lagos ou rios, para aprimorar a saúde mental.
De acordo com João Bento Torres Neto, neurocientista e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), a interação com a natureza tem um impacto positivo no cérebro, promovendo a produção de substâncias que aumentam a plasticidade cerebral, ou seja, a capacidade do cérebro de se adaptar a novos estímulos.
Fonte: @ Veja Abril
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